sábado, 25 de outubro de 2008

O sorriso da morte.

Sempre soube que morreria, afinal essa é a desgraça inerente a todos os seres vivos, essencialmente a de guerreiros como eu (para mim, Lord Voldemort era uma exceção a regra). Mas nunca parei para pensar como ela de fato se consumaria. Talvez estivesse trassado e fosse óbvio que aconteceria em um campo de batalha, em meio a inúmeras poças de sangue e corpos de outras pessoas. Era uma mulher pouco sensata, fria e a paixão não mútua era o único sentimento que me inquietava. Não obstante, meu primeiro impulso foi o de agarrar-me cegamente à ilusão da imortalidade.
Meus olhos negros e muitas vezes vidrados estavam acostumados com aqueles jorros de luzes multi-coloridos e estavam igualmente acostumados com a morte, mas choca-me, no entanto, o fato de que não estive nenhum um pouco preparada para a minha própria morte. A vira de perto, a presenciara inúmeras vezes, porém a morte sempre se aproximara como uma amiga sorridente que levava para longe da vida aqueles que eu decidia não merecer habitar entre nós.
No entanto, naquele fim de noite, a morte me sorriu irônica. De longe ela me observava e me rondava, vagarosamente, como uma fera que cerca a sua presa. Faz parte da decência da Morte surgir sem se fazer anunciar, o rosto coberto com as mãos oculta, num momento em que era menos esperada. Mas eu não estava disposta a me render. Havíamos chegado tão perto e travávamos, com certeza, a última batalha antes de o Lorde das Trevas ascender de uma vez por todas ao poder. Mas a morte, companheira daqueles que a desafiam, estava lá, brandindo a sua foice e olhando-me diabolicamente. Consumia-me devagar.
O que três adolescentes poderiam fazer contra mim? Que poderes uma sangue-ruim, uma traidora de sangue e uma retardada que acredita em nargolês poderiam ter para me enfrentar? Eu duelava tão bem quanto as três juntas e sabia que em breve a minha amiga morte as levaria também. E seriam três escórias a menos para enfestar o planeta. E eu prosseguiria com a minha nobre missão ao lado Dele.
Eu vira o corpo de Harry Potter explodir no ar e bater de encontro ao chão, mas antes que eu pudesse comemorar, vira o mesmo acontecer com Lord Voldemort. Assim que a maldição da morte acertou o garoto, o Lord das Trevas também caíra por terra. No momento, não conseguira entender o que havia acontecido e temi que Potter o tivesse derrotado mais uma vez. Não suportaria mais quatorze anos longe do meu mestre. Não suportaria perdê-lo mais uma vez. Meu corpo congelara, minha respiração cessara e a única coisa que consegui fazer foi chamar por ele. Não sei se foi a minha voz que o despertara, mas nesse momento ele abriu as pálpebras e as íres vermelhas me fitaram. E meu coração voltou a bater no peito.
Eu perdi a conta das vezes que aquele olhar fizera o meu coração voltar a bater. Na verdade, acho que meu coração ganhou vida no instante em que meus olhos cruzaram com os dele pela primeira vez. Naquele momento eu tive a certeza de que não só a pele do meu braço esquerdo seria marcada a fogo, mas também a minha alma pertenceria a ele para a vida toda.
Lord Voldemort nunca fora nada além de um poço de amargura e ânsia pelo poder. Mas eu também nunca fui nada além de uma mulher apaixonada que arrastava-se aos seus pés por efêmeros momentos de 'carinho' e migalhas de atenção. Por ele eu lutava e para ele eu me rendia. Somente ele conheceu o quão fraca era Bellatrix Lestrange e o quanto era semelhante a todas as outras aquela mulher escondida atrás de sua máscara de invencível, imponente e imaculável comensal da morte.
Quando abracei essa cruz, sabia que no céu não se aceitam pessoas que matam, que mentem e que manipulam. E não aceitam pessoas que não amam.
Embora árduo e difícil, o exercício das trevas sempre foi mais fácil que o exercício do amor humano. Torturar é mais fácil que acariciar e matar é mais fácil que conceber uma vida. E mesmo que quisesse, nunca fui capaz de gerar um fruto se quer. Meu útero nunca se desenvolveu para receber uma criança, talvez porque meu corpo sempre soube que ela jamais viria de um amor e jamais seria amada como mereceria.
O amor, assim como a devoção pelas trevas, leva as pessoas fazerem coisas imperdoáveis. Basta ver o que ele fez com Andrômeda e Sirius: Ambos jogaram o nome da família na lama. Ela por amar um nascido trouxa e permitir-se fugir com ele. Ele por abandonar a casa para ficar com a família de um amigo. Eu pude decidir o destino deles também. Embora não tive a chance de matar Andrômeda, Sirius Black e Nynphadora Tonks morreram em minhas mãos. Eu tive o prazer de cortar esses galhos podres da árvore genealógica da minha família antes que eles dessem continuidade a essa erva daninha que se alastrava pelos ramos puros da mais nobre familia Black.
Segui um caminho tortuoso e cheio de obstáculos. Atirei-me ao fundo do poço em busca de algo que não poderia saber se realmente encontraria. Por muitas vezes eu desejei a morte. Por muitas vezes eu quis que ela viesse me acolher em seus braços frios como eu achara que fizera com Crouch Jr. Mas eu sabia que aquele era o meu destino e que era a minha obrigação esperar pelo Lord das Trevas. E o pior de tudo era saber que eu sobreviveria. Eu sempre sobrevivia. Eu era forte e aquilo tudo iria passar.
Ele levou um ano inteiro para me resgatar daquele inferno congelante, mas saí de lá orgulhosa de mim mesma mais do que nunca. EU enfrentei dementadores, EU convivi aos ratos e baratas, EU passei quatorze anos sem experimentar magia e EU passei pelos piores pesadelos por ele. Tudo, TUDO por ele. E eu fui recompensada. E mesmo assim, a morte teve a audácia de zombar de mim da forma que fez.
Tinha a minha varinha apontada para o peito daquela dona de casa gorducha e sem nenhum poder em especial. As minhas maldições desviavam-se dela como se um escudo mágico a protegesse. Que habilidade aquela 'senhora' poderia ter para enfrentar uma comensal da morte treinada pelo melhor bruxo de todos os tempos? Tola que eu fui. Um dos meus maiores problemas sempre fora subestimar o meu adversário e foi por causa dele que permiti que a maldição da morte irrompesse de sua varinha e acertasse meu coração.
Por um milésimo de segundo eu soube o que tinha acontecido. E a última coisa que ouvi foi o grito de Lord Voldemort atravessar o salão principal até chegar aos meus ouvidos. Mas o grito pareceu distante e cada vez mais baixo. Escureceu-se a minha vista, silenciou o meu coração e sua marca em minha pele queimou mais uma vez. Pela última vez.
"Morrer.
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.
Morrer sem deixar o triste despojo da carne,
A exangue máscara de cera,
Cercada de flores,
Que apodrecerão – felizes! – num dia,
Banhada de lágrimas
Nascidas menos da saudade do que do espanto da morte.
Morrer sem deixar porventura uma alma errante…
A caminho do céu?Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?
Morrer sem deixar um sulco, um risco, uma sombra,
A lembrança de uma sombra
Em nenhum coração, em nenhum pensamento,
Em nenhuma epiderme.
Morrer tão completamente
Que um dia ao lerem o teu nome num papel
Perguntem: "Quem foi?…"
Morrer mais completamente ainda,
– Sem deixar sequer esse nome."

sábado, 30 de agosto de 2008

O toque das Trombetas







((Não, não foi nada fácil (re)escrever essa fanfic. Incompetência e imprudência minha: Assumo. De fato, as coisas teriam saido melhores e mais fáceis se eu simplesmente tivesse clicado no botão 'salvar' ao invéz do 'descartar'. Desacasos dessa infame vida. Mas e daí? Somos brasileiros e não desistimos nunca. O importante mesmo é lutar para recuperar aquilo que foi perdido. Acho que consegui fazer isso em relação a esta fanfic: a outra que esqueci de salvar antes do meu sobrinho desligar o PC, ainda me doi o coração quando tento reescrevela (desmistificada a tese de que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar). Um dia, quem sabe, eu consigo. Até lá, divirtam-se com a releitura da original lançada ao nada.

Créditos àqueles que me apoiram em um dos momentos mais tristes(*drama*) da minha vida e me animaram a reescrever a fanfic :) e principalmente à Lilly Drips que me deu o empurrão final!
Amo todos vocês! :D))


Lamúrias, choros e gritos de dor. E uma gargalhada. Uma risada estridente e avassaladora, competindo com as trovoadas da tempestade que se preparava atrás das montanhas da mansão. Um som que antecede o fim, uma risada que ninguém jamais quer ouvir. A risada da morte, o toque das trombetas. Inconfundivelmente a risada de Bellatrix.
Seis jovens ocupavam aquela luxuosa e espaçosa sala: dois amarrados cada um em uma cadeira e quatro empunhando as varinhas voltadas para as suas faces. Seis. O número da besta, o número do diabo. E este se fazia presente naquele momento: Ela era a prova que demônios existiam.
- Esta é a sua última chance. - encerrara-se, por hora, a gargalhada. - Última.
Frank e Alice Longbottom tinham cortes e hematomas por todo canto de seu rosto e braços. Estes que, por sua vez, estavam amarrados aos braços das cadeiras as quais estavam sentados. Alice estava desfalecida e tinha os olhos e a boca semi-abertos. A cabeça pendia para o lado esquerdo.
- Deixem ela ir... Fiquem comigo, mas deixem ela ir. - suplicou com a voz trêmula o homem - Pelo amor de Deus...
- Você já não nos ouviu, Longbottom? - ouviu-se a voz rouca e arrastada de Rodolphus - Soltaremos quando vocês abrirem a boca.
- Mas nós não sabemos! NÃO SABEMOS! - gritou Frank, com as poucas forças que ainda lhe restavam - NÓS NÃO...
- CRUCIO! - interrompeu Bartolomeu Crouch Jr.
A maldição cortou o ar e acertou o jovem rapaz no peito. Os gritos, os suplícios, as lamúrias voltaram. E mais uma vez a gargalhada ecoou pelas altas paredes da casa. Frank desmaiou e ele e a mulher foram acordados com um jato de água no rosto.
- Neville... - murmurou a mulher, abrindo os olhos vagarosamente.
- Terás o seu filho de volta quando nos disser onde está o Lord das Trevas e o que fizeram com ele! - Disse Rebastan, com uma voz insuportávelmente idêntica a de Rodolphus.
- Neville... - Alice murmurou de novo, voltando a desmaiar.
Não havia mais o que fazer. Ambos haviam decidido manterem-se fiéis à imagem dos amigos assassinados pelas mãos daquele que os comensais estavam em busca. Não trairiam James e Lily Potter. E os outros quatros estavam dispostos a manterem-se fiéis ao Lorde das Trevas. Não, Não havia mais o que fazer.
- Nós já fomos bastante tolerantes com eles. - disse a mulher com uma voz esganiçada e com os olhos vidrados. Olhos insanos - Eles não mais nos são úteis.
Os outros três trocaram olhares intrigados.
A maldição imperdoável inrrompeu das quatro varinhas e atingiu os dois amarrados. Não se ouviu gritos. Não se ouviu choro. Não se ouviu lamúrias. Mas podia-se ouvir a sanidade de Bellatrix esvair-se em sua risada, enquanto sugavam incansávelmente até a última gota refinada da sanidade dos Aurores. Ouvia-se o toque das Trombetas.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Palavras ao vento.

((Seeeempre quis escrever uma shortfic em primeira pessoa, mas é bem complicado colocar-se na pele de alguém como Bellatrix quando se fala de sentimentos. Esta é a primeira vez que tentei, então peguem leve!))

Bellatrix amou demais a si mesma para aceitar que amava alguém que não sentia o mesmo que ela. Isso a fez transformar todo o amor no único sentimento que realmente compreendia.”





Não existia nada em Rodolphus que me agradasse. Detestava a forma como ele passava as mãos no cabelo e aquele perfume gostoso que exalava dele e preenchia a sala da mansão toda vez que ele por ali passava. O sorriso, tão perfeito e tão encantador, mas tão comum para mim que não acreditava que apenas com aquele gesto conquistava várias sonserinas do terceiro ano de Hogwarts. O que havia nele de diferente? Sinceramente, não faço a mínima idéia.
Odiava a forma única, carinhosa e veemente a qual ele me tocava e fazia esquecer quem eu realmente era. Detestava como esses momentos mexiam comigo e fazia com que meu coração voltasse a bater tão forte que era quase impossível conter no peito. Momentos esses que me faziam dizer e pensar coisas que me arrependia no dia seguinte, logo que despertava aninhada no calor dos braços dele com o coração inerte. Odiava passar o resto dos meus dias esperando por mais um momento como esse.
Odiava as flores que nunca recebi e as promessas de amor eterno e fidelidade que nunca ouvi. Odiava as frases românticas que nunca encontrei escondida embaixo do travesseiro e sob o prato antes do café. Odiava os passeios de mãos dadas que nunca demos e as vezes que nunca assistimos o pôr do sol ou olhamos as estrelas. Odeio a aliança que uso no anelar esquerdo, representando a nossa união de aparências e interesses. Odiava que ele não me odiasse por tantas vezes traí-lo sem o menor pudor com um homem que o superava em todos os sentidos. Jamais perdoei as desculpas que ele nunca pediu por me fazer odiá-lo quando a única coisa que eu queria era poder amá-lo com todas as minhas forças e ser amada de volta com a mesma intensidade.
Não me importava que Rodolphus saísse cedo da noite e a que horas ele iria voltar. A mim, não interessava aonde ele estava, com quem estava e o que estava fazendo, mas podia sentir meu coração, que ainda não podia controlar, bater apertado e impedia que meus olhos se fechasse e que o resto do meu corpo descansasse. Ele só se acalmava no meu peito quando, de manhã, o rosto de Rodolphus repousava junto a ele.
Nunca amei Rodolphus Lestrange. E o odeio por ele nunca ter me tirado da escuridão, por nunca ter me feito ver as verdades ocultas atrás da ilusão que eu sempre acreditei. Por permitir que eu seguisse aquela ilusão até a morte. Odeio Rodolphus Lestrange por nunca ter me ensinado a amar.
Nunca. Nunca gostei de Rodolphus Lestrange. Não gostava que competisse comigo no seu jeito arrogante, no seu ar sarcástico, na sua força inatingível e no seu cinismo incomparável.


Eu fui, eu sou e eu sempre serei Bellatrix e isso me torna a estrela do meu próprio mundo que sempre girou em torno de mim. E no meu mundo, Rodolphus Lestrange pertencia a mim. Somente a mim.

domingo, 22 de junho de 2008

'Apenas' um pequeno pedaço de papel

"Uns dizem que ele morreu. Bobagem na minha opinião. Não sei se ele ainda teria bastante humanidade para morrer."
Mais uma vez essa frase veio fazer sentido. A pergunta aqui é: O diário de Tom Riddle foi realmente destruido? A resposta é mais complicada do que possa parecer. Mas a verdade é que alguém como ele não seria jamais destruido de uma maneira tão 'simples'.
Aqui temos mais uma vez uma 'ajudinha' do companheiro 'acaso'.
Ok, Ok... Não vou ficar confundindo sua cabeça com explicações em pormenores. Já que vieste até aqui, que achas de ler a shortfic e entender o que estou querendo dizer? ;)

A mulher acordou assustada, com o coração acelerado e suor escorrendo em sua face. Tivera mais uma vez o mesmo sonho que, mesmo depois de tantos anos, ainda a acompanhava... Porque aqueles malditos olhos verdes e aquele sorriso nunca a deixara em paz? Não, não estou falando dos olhos e nem do sorriso de Harry Potter, caro Leitor... Trato aqui de 'outros' olhos verdes; olhos tão cruéis quanto lindos... Tão frios e vazios quanto brilhantes... Os mesmos olhos que a protegia e a olhava atenciosamente nos momentos de solidão, foram os mesmos que a traíram mais tarde; os mesmos olhos que ela enxergava amizade e confiança e que mais tarde lhe mostraram uns olhos tão sombrios e incapazes de entender qualquer um dos sentimentos que eles pareciam dedicar a ela.
Gina sentou-se na cama, e ajeitou os cabelos que havia grudado em sua testa. Olhou para o marido profundamente adormecido ao seu lado e esboçou um sorriso. Quanto tempo ela teve que esperar para que Potter a notasse? Quanto tempo ela sofreu e chorou por ele... E chorava nos braços dele; nos braços do responsável pelo pesadelo.
O quarto estava escuro, apenas iluminado por um finíssimo raio de sol que se agarrava ao horizonte tentando se erguer. Levantou-se da cama e notou que, em um canto do quarto, repousava o seu antigo malão da escola, tristemente ignorado pelos anos.
“E por que não?” - pensou a mulher, dirigindo-se até ele e sentando-se em sua frente. Talvez fizesse bem reviver algumas boas lembranças para distrair-se daquelas que vagavam agora em sua mente.
As letras “GW” gravadas em douradas ainda estavam bem nítidas. Retirou o cadeado que estava aberto. Há quantos anos que nunca mais tinha mexido naquelas coisas? Livros de todos os tipos, tamanhos, cores e assuntos; penas quebradas, coloridas e manchadas; antigos potes de tinteiros; bilhetinhos que trocava com as amigas nas aulas de poções escritos em Runas e um caldeirão amaçado. Havia tanta coisa que fizera ficar um pouco nostálgica. Era tão bom lembrar daquele tempo...
Ela folhava um de seus antigos livros de “Defesa contra as artes das Trevas” quando encontrou no meio dele, um pequeno pedaço de pergaminho amaçado.
Nele havia rabiscado algumas coisas de uma aula ,quando ainda estava no primeiro ano, que lhe faltara pergaminho e ela tivera que arrancar uma folha do...
-Diário de Tom Riddle. - Disse Gina o suficientemente alto para fazer Harry virar-se na cama.
No mesmo instante, um pensamento passou pela sua mente... Ela sabia que o diário havia sido destruído, mas um pequeno pedaço dele estava ali, uma parte da alma de Riddle estava naquele papel, repousando em suas mãos.
Gina o largou rapidamente no chão, como se estivesse segurando algo sujo, infectado. E se aquele pequeno momento de displicência quando ela tinha apenas onze anos e não se sentia segura o suficiente de pedir um pedaço de pergaminho para um colega, pudesse causar-lhe algumas conseqüências tanto tempo depois?
Voltou a pegar o papel na mão, ainda com os olhos muito arregalados. Levantou-se e dirigiu-se até à escrivaninha do quarto, onde pousou o velho pedaço de papel. Ainda ficou alguns segundos fitando a folha que ensinava como lidar com um diabrete da cornuália.
-E se... - sussurrou a mulher.
Decidida, pegou pena e tinteiro. Sua curiosidade tinha levado-a até ali e iria até o fim.

“Você ainda está aí?” - escreveu com a mão trêmula, em um pequeno canto da folha, rezando para que nada acontecesse.

A tremura espalhou-se por todo o corpo de Gina quando as suas palavras sumiram e logo abaixo apareceram outras, com uma letra fina e ao mesmo tempo grosseira. Uma letra que ela conhecia muito bem.

“Sempre estive.”


Ela observou atônita a frase ser absorvida pela folha de papel. Ainda não podia acreditar no que estava acontecendo. Como era possível ele ter sobrevivido dentro daquele malão em uma situação tão precária? Como ela nunca se deu conta que guardava algo tão perigoso dentro de sua própria casa? Que risco aquele pequeno pedaço de papel podia representar para os seus filhos? E pior que isso: como ela JAMAIS lembrou daquela maldita folha que arrancou daquele estúpido diário? Gina agora amaldiçoava-se em pensamentos quando outra frase apareceu sobre o papel:

“É bom poder falar com você novamente, querida Gina...”


Ela sentiu uma repulsa tão forte ao ver as palavras zombeteiras que Riddle postara no papel. Como ele podia continuar tão frio, tão... repugnante? Ele nunca mudaria. Mesmo fraco, ele continuava prepotente.

“Que pena que eu não possa dizer o mesmo, querido Tom. Você sabia que tenho uma presa de basilisco guardada aqui nas minhas coisas e nunca pensei que ela pudesse vir a ser útil um dia?”

“É mesmo? Então porque você não a pega logo?”


A ruiva quase podia ver aquele sorriso sarcástico de Tom Riddle através daquela mísera folha que ainda o guardava vivo.

“Porque eu, ao contrário de 'algumas pessoas', não teria a covardia de me aproveitar de alguém indefeso como você...”

Agora era ela que sorria sarcástico. Mas porque diabos ela não pegava aquela maldita presa e não acabava com isso logo? Apenas Tom sabia o porquê...

“Vejo que você amadureceu razoavelmente nesses anos todos, minha linda... A propósito, poderia me informar quantos tempo de passou desde que o seu 'maridinho' destruiu o meu diário? Ficar preso dentro daquele malão me fez perder total noção.”


Gina não podia acreditar no que estava lendo... “Minha linda”; “maridinho”?? Quem ele pensa que é? "Pedaço de papel ridículo!"

“Bom, vejamos... Desde quando meu “maridinho” destruiu o seu diário: 22; desde que ele te derrotou no cemitério:20; desde que ele te matou com um ricochete da sua própria maldição:17. Deseja mais alguma informação, senhor Riddle?”

“Uhm... andaste fazendo minha linha do tempo, Sra. Potter?”

“Quando vai parar de pensar que o mundo gira em torno do seu umbigo? Quer saber? Essa conversa já foi longe demais!”


Gina tomou o papel nas mãos, antes que Riddle pudesse responder; amassou-o com vontade e o atirou dentro do malão tornando a fechá-lo.

-Gi? - Perguntou um Harry meio sonolento, lutando para erguer-se na cama e olhar para a esposa – o que está fazendo?
-Resolvendo uns assuntos passados que ficaram “mal-resolvidos”
- respondeu a ruiva sem pensar, trancando com violência o cadeado.

Harry, que estava praticamente dormindo, tombou travesseiro. Gina fez o mesmo, jurando que nunca mais abriria aquele malão, apesar de que mais tarde, outro sonho faria com que ela 'esquecesse' da promessa...

segunda-feira, 2 de junho de 2008

(Des)acasos e rotinas


(Olá queridos!

Obrigada por estarem mais uma vez aqui lendo as minhas composições dos momentos de devaneios!
Por favor, deixem seus comentários pois graças a eles tenho sempre progredido na minha maneira de escrever!
Sim, esta é mais uma shortfic em homenagem ao meu shipper favorito que fala mais um pouco do tipo de 'relação' que existia entre eles. ;D)

-Milorde,não.. Por favor, perdoe-me, por favor... Não foi minha intenção, por favor, por favor! - Suplicava a comensal em meio as lágrimas, jogada aos seus pés, segurando seu Lorde pela capa.-Eu juro que...
-Cansei de suas promessas Lestrange! Suas falhas já foram mais do que suficiente!- gritou Voldemort com tanta força que sua voz fez vibrar as janelas do quarto. - Solte-me agora, mulher! - Disse ele, segurando-a pelos braços, empurrando-a para trás e derrubando a comensal aos prantos de costas no chão.
-Milorde... - Suplicou baixo, em meio a soluços nervosos, arrastando-se na tentativa de alcançar os pés dele.
Voldemort urrou de raiva, e com um balanço brusco da varinha, fez a comensal voar uns centímetros para trás e bater de encontro a parede.
-Estou com nojo de você, Bellatrix!-dizia andando em direção a ela, olhando-a com escárnio e falando firme, com um ódio notório em sua voz - Sempre foste a minha mais fiel e leal comensal da morte, e no momento que mais precisei de ti, te tornaste esta inútil!
A comensal encolheu-se contra parede. Agora ela percebia o quanto ela tinha se tornado inútil. Primeiro pelo tempo perdido que se deixou passar em Azkaban e agora isto: Ela não podia ter deixado Potter quebrar a maldita profecia sem antes ter pelo menos escutado o que ela dizia. Voldemort tinha convocado ela e Lucius para liderar os outros comensais. Agora, Malfoy estava com um encontro marcado com os dementadores e ela recebendo o castigo mais que merecido por sua falha. Nunca tinham cometido um erro com tamanha gravidade.
Ela tinha o rosto inundado pelas lágrimas. Voldemort havia parado de frente para ela e a olhou nos negros olhos que suplicavam pelos seus. Levantou uma das mãos e cerrou o punho, apertando com força. Em um reflexo rápido, Bellatrix fechou os olhos e virou o rosto para o lado. Sabia o que ia acontecer.
No entanto Voldemort, tornou a baixar a mão e a segurou pelos ombros levantando-a quase violentamente.
-Olhe pra mim Bellatrix. - falou entre os dentes, dando-lhe uma sacudida.
Ela tremia dos pés a cabeça. Nunca havia sentido tanto medo e tanta repulsa por seu Lorde na vida. Queria sair correndo dali. Queria que alguém entrasse pela porta e fosse resgatá-la das mãos daquele 'tirano', daquele 'ditador'... “O que eu estou pensando??” - repreendeu-se Bellatrix em pensamentos. Ninguém iria resgatá-la e ela não tinha de ser resgatada de nada. Ela estava nas mãos do seu Lorde, do seu Mestre, do seu Senhor, do seu Dono. Ela pertencia a ele de corpo, alma e coração. Era como se Bellatrix fosse outra Horcruxe dele: Um pedaço de sua alma ocupando cada espaço do seu corpo. Ele era o sangue que circulava em suas veias e irrigava os seus orgãos; ele era o ar que oxigenava e preenchia os seus pulmões. Ela era muito mais do seu mestre do que já fora de qualquer pessoa. Seus pensamentos, seus atos, tudo pertencia a ele.
Hesitou um pouco antes de olhar, ainda tremendo, nos olhos dele extremamente próximos aos dela.
-Sabes que merece ser castigada, não sabes? - perguntou Voldemort, com sua voz maldosa.
-Se-sei, Milorde- disse ela com a voz trêmula.
-Sabes que merece morrer, não sabes?
-Sei... - disse fechando os olhos.
Voldemort mais uma vez a empurrou de encontro com a parede, sacou a varinha e balbuciou algumas palavras que não se pode entender. Algumas cordas brotaram da parede amarrando braços e pernas da comensal. Bellatrix não tentou contestar e nem se defender das cordas que a prendiam com tanta força que acabaram ferindo seu pulso e tornozelo.
Ele tinha razão: ela tinha se tornado uma fraca, incapaz de resgatar uma profecia idiota. Que utilidade ela teria para ele? Que falta ela faria?
Ele certamente não usaria a maldição da morte, porque isso era ser bonzinho demais com ela. Provavelmente a torturaria até o dia clarear e em seguida usaria de algum outro artifício para ferí-la e a deixaria sangrar até que a morte viesse ao seu encontro.
Perdida em seus pensamentos macabros, tentando imaginar como ele a mataria, ela não percebeu a aproximação dele: Colou o seu corpo ao dela e a beijou intensamente nos lábios e tocou cada centímetro do seu corpo com veemência. Ela já não compreendia mais nada: Estaria ele despedindo-se dela? Queria provar o gosto do seu beijo pela última vez antes de sacrificá-la? Se fosse isso, Bellatrix resolveu deixar como uma última lembrança o melhor beijo que já lhe deu na vida, rendendo-se inteiramente àquele momento.
Ele jamais se desfaria de Bellatrix. Sua mais fiel seguidora jamais deixou de ser útil pra ele e jamais teria este fim. Ela sempre foi sua melhor combatente e duelista, tinha poderes extraordinários, mas nenhuma consciência, era verdade. Mas de que adianta ter consciência se ela não é capaz de sair de sua varinha e atingir o inimigo? Bellatrix tinha errado e errado feio, no entanto, ele ainda precisava dela.
O que Voldemort sempre 'odiou' em Bellatrix era o fato de que a sua submissão a ele lhe tirava o controle sobre seus pensamentos e atos, fazendo com que se deixasse levar pelos seus instintos mais primitivos. O Lorde das Trevas não podia negar: Sempre foi assim, e para sempre seria.
Em seguida, Voldemort afastou-se um pouco dela vagarosamente, deixando sua comensal quase desfalecida ainda presa a parede do seu quarto. O peito dela subia e descia rapidamente em um compasso sincronizado, tinha os cabelos bagunçados, os olhos apertados e o rosto extremamente branco, deixando-a com uma aparência extremamente doentia e demente.
-Você... é a minha desgraça, Bellatrix. - disse ele mergulhando na escuridão dos olhos dela e segurando-lhe um bom pedaço de cabelo, sem perceber que disfarçava mal os seus desejos.
Ela sorriu maliciosamente e arriscou uma mordida de leve nos lábios do seu mestre. Aos poucos o medo que ela estava sentindo dele ia se esvaindo. Ele soltou os cabelos da comensal, girou nos calcanhares e se afastou em direção a porta. Ao tocar a maçaneta com uma das mão, com a outra ergueu a varinha e balbuciou algumas palavras estranhas fazendo as cordas desaparecerem lançando Bellatrix ao chão.
-Milorde! - chamou Bellatrix, engatinhando e levantando-se, indo até o mestre que estava para sair do quarto.
-Não estás satisfeita que lhe poupei a vida Lestrange? - perguntou, tornando ao cômodo, em uma seriedade que não pertencia a ele.
-Não, Milorde. Não estou. - disse a comensal postando-se extremamente próxima a ele. Em seguida, segurou-o pelas roupas negras e o puxou de encontro ao seu corpo tão bruscamente que os fez dar alguns paços sem jeito para trás.- E podes me chamar de Bella. - falou suavemente mirando os seus lábios.
Envolveu-o com beijos ardentes e carícias que o faziam perder totalmente a razão. Esse era o único momento em que ele se tornava submisso a ela, o único momento em que ela se tornava a 'mestre' e ele o 'servo'. Ela sentia a necessidade de ser perdoada completamente; E ela já estava.

"(...)Embriago-me.
Em alguns minutos, o êxtase.
Nervos e músculos em fadiga
O que factível, feito, com zelo,
Sem pressa, sem medo, sem amor.
Nesse confronto de peles e véus
Dando prioridade ao meu bem estar
Ela entrega-se a mim sem queixa,
Eu, seu senhor. Ela minha musa seminua.
Disposta ao prazer sem amor,
Mais que servil, enternecendo o ato.
Ela toda em mim, dominando-me
Eu, um mero expectante do gozo."
Agradecimentos especiais a Tom Marvolo Riddle, a minha fonte inesgotável de inspiração(e outras 'coisas mais'...)
((hiehiehiehiehiehie!))

quinta-feira, 8 de maio de 2008

O último Sacrifício


(Olá!
Criei essa fanfic com o objetivo de dar um final mais 'digno' a minha idolatrada Bellatrix Lestrange. Espero que gostem ;D

Beijos e Obrigada! )



-Não vamos a lugar algum! - Bradou Bellatrix enlouquecidamente.
Sua voz ecoou por toda a imensa sala da mansão Malfoy fazendo as janelas vibrarem. Ela ofegava, suas narinas e pupilas delatavam-se.
Os outros comensais que falavam incessantemente se calaram no mesmo instante. Alguns, inclusive, recuaram alguns passos cautelosos.
-O que disse Bella? - Disse Lucio Malfoy, com aquela voz insuportavelmente arrastada. - Você quer que fiquemos aqui para sermos mortos que nem Vold..
-NÃO OUSE FALAR O NOME DELE! - gritou posicionando a varinha embaixo do queixo de Lucio.
Ele, com o susto da rápida aproximação de Bellatrix, não se moveu. Permaneceu sério encarando a comensal. Os outros comensais congelaram, não ousariam nem respirar, muito menos se interpor entre eles. Um silêncio mortal se fez. Naquele instante, Bellatrix Lestrange teria força para liquidar todos eles.
Ela não via mais nada. Sua mão apertava firmemente a varinha, sua cabeça latejava e ela respirava mais rápido, tudo girava ao seu redor. A única coisa que via era o cinza dos olhos de Lucio Malfoy perigosamente próximos ao negro dos olhos dela.
-O que deu em você Lestrange? - Perguntou baixo o suficiente para que só Bellatrix ouvisse, franzindo as sobrancelhas.
-Não vai desrespeitar o MEU Lorde na minha presença. - falou ela, apaixonadamente afundando a varinha no queixo do comensal.
-Bellatrix! Precisamos sair daqui!Logo os aurores chegarão e seremos todos mandados para Azkaban... Seu Lorde, Bella... Não há mais nada que possamos fazer... Voldemort está morto. - Disse friamente, como se explicasse a uma criança o porquê do céu ser azul.
Os outros comensais da morte esperaram ver um jorro de luz verde sair da varinha que Bellatrix tinha nas mãos. No entanto, por alguns instantes, o brilho e a raiva dos olhos de Bella desapareceram. Ela se esvaziou e o chão sumiu sob seus pés. Não sentia o coração bater e nem o ar entrar em seus pulmões. A sensação era dez mil vezes pior do que a sensação de aparatar. Será que finalmente ela teria entendido o que tinha acontecido?
Bellatrix lhe deu um tapa na cara. Os cabelos loiros de Malfoy voaram até o chão. Deu alguns passos para trás olhando para o homem estatelado. Narcisa, que também estava na sala congelada observando-os, correu até ele com lágrimas nos olhos.
-'Covardes da morte' é o que vocês são! - falou Bellatrix com raiva e com um notório desprezo na voz, olhando para a irmã que estava ajudando o marido a levantar.
-Bella... - Suplicou Narcisa. - Vamos sair daqui... Você sabe melhor do que ninguém, você estava lá ao lado dele quando ele m...
-ELE VAI VOLTAR!!- Bradou Bellatrix entre os dentes e subiu correndo a escada da mansão. Narcisa fez menção de segui-la, mas Lucio a segurou com um abraço.
Ela corria pelo corredor. Não sabia onde estava indo, mas seguia enfrente sempre. Bellatrix não tinha lágrimas nos olhos, embora estivesse explodindo por dentro. Sua vontade era chorar dia e noite sem parar até que sua dor se sessasse junto com sua respiração e batimentos. Então ela poderia ir para junto dele eternamente, jazer ao seu lado no frio do sepulcro.
Parou de correr apenas quando chegou ao final do corredor, onde se encontrava uma imensa janela em formato de losango. Era possível ver os raios de sol que entravam pela janela. Ela estreitou um pouco os olhos para evitar a claridade, mas continuou em direção a ela. Colocou suas mãos sobre a soleira da janela e, com os olhos fechados, ela finalmente deixou que seus sentimentos transparecessem através de lágrimas que lavaram o seu rosto.
Quem se importava agora se ela chorasse ou não? De que adiantou ela ser forte e nunca se deixar abater por nada? Ele tinha sido o homem mais forte, mais destemido e temido que ela já conhecera e, no em tanto, foi derrotado pelo “escolhido”, caindo morto ao lado dela.
E ela não pode fazer nada. Ela sabia que ele não voltaria mais, que não haveria mais possibilidades uma vez que todas as Hocruxes haviam sido destruídas. Como ele, que era tão inteligente, não pensou que poderia ser descobertas as Horcruxes? Por que ele não as manteu mais seguras? Como ele, tendo ligamento com a mente de Harry Potter, não conseguiu usar deste artifício para descobrir onde o garoto estava escondido e o que estava fazendo? Não encontrar respostas para essas perguntas a deixava com mais raiva e fazia mais lágrimas brotarem de seus olhos.
Há alguns anos atrás, ela estava ali naquela janela observando as árvores do enorme jardim da mansão...
“Era verão e fazia muito calor. O sol brilhava escaldante no imenso céu azul. Fazia tempo que não se via o céu da Inglaterra tão bonito.
Uma jovem mulher estava escorada no parapeito da janela, observando o sobrinho e sua irmã brincarem no quintal com o fresbee dentado que ela havia lhe dado no natal.
Fazia pouco tempo que estava casada com Rodolphus. Sua mãe e seu pai haviam o escolhido para ser marido dela por inúmeros motivos: Ele era sangue-puro, vinha de uma nobre família e era um fiel comensal da morte.
Mas Bellatrix o achava patético e medíocre. Só sabia falar de charutos, quem estava na frente do campeonato mundial de quadribol e quem seria o melhor candidato a ministro. Por que 'ela' se casaria com 'ele'?
Quando soube da decisão de seus pais, ameaçou fugir de casa se a obrigassem a casar com ele. Ela não se casaria jamais. Seria eternamente e somente do Lorde das Trevas.
Enfrentar Druella a fez receber o pior crucio na vida. Não fazia idéia de como a maldição vinda de sua mãe poderia machucar tanto. Sentia como se todos os ossos do seu corpo estivessem em chamas. Não conseguia gritar. Sua mãe apenas parou quando Bellatrix implorou para morrer porque não aguentava mais a dor. Decidiu que o castigo havia sido suficiente. Passou uma semana se recuperando no hospital St. Mungus, mas ninguém nunca soube que tinha sido Druella a responsável.
Agora, três meses depois de casados, ela já havia aceitado e até reconhecido algumas qualidades de Rodolphus. Nem ela e nem Rodolphus estavam apaixonados, mas estavam satisfeitos. Ele estava contente em ter sua radiante companhia para exibir nas nobres festas da alta sociedade bruxa. Ela também sentia-se contente por ser “Senhora Lestrange” e terem enchido um cofre de galeões no banco de Gringotes agora que haviam juntado as duas fortunas.
Mas ela sentia falta do seu Lorde... Desde o último encontro na floresta proibida, faziam anos que eles não tinham mais se visto. Ele havia ido para a Albânia e depois de tantos anos retornara transformado e não queria mais ser chamado de Tom Riddle. Ela não sabia porque... Gostava do nome “Tom”(se bem que ele já não combinava nada com as característica ofídicas que ele havia adquirido).
Mas não importava. Ela o amava mais do que já amou a qualquer pessoa. Talvez ele fosse a única pessoa por quem ela realmente se apaixonou. No entanto, ela estava casada com outro e seu Lorde nunca mais a procurara.
Bellatrix soltou um longo suspiro sentido.
-Apaixonada Bella? - Uma voz fria que arrepiou Bellatrix falou logo atrás dela.
Ela sorriu. Virou-se para encara-lo.
-O senhor sabe que sim, Milorde. - disse ela olhando nos olhos dele.
-Sabia que estou muito satisfeito que casaste com Rodolphus, não sabe? - Disse ele, aproximando-se dela.
Bellatrix não respondeu. Sua felicidade sumiu do seu rosto instantaneamente. Ele 'satisfeito'? Agora ficara mais obvio do que nunca que seus encontros ficaram guardado em algum lugar numa doce lembrança da adolescência...
-E sabes porque me sinto satisfeito?- Mais um passo em direção a ela.
-Porque ele é sangue-puro e possui o nome de uma nobre família bruxa?-perguntou desviando o olhar, decepcionada.
-Seriam esses os motivos se eu fosse seu pai, Bella. - disse ele sorrindo ironicamente. Ela voltou a encará-lo- Você é uma mulher linda, Bellatrix. Merecia um bruxo tão notável quanto você para casar-se. Sim, ele é notável, Bella. Apenas lhe de a chance de demonstrar. E ele é leal e fiel a mim, Bellatrix Lestrange. Tenho certeza que jamais ousaria me recusar nada... - Ele deu mais um passo na direção da comensal que neste instante agarrou firmemente o parapeito da janela atrás dela.
Bellatrix sentiu um calor atravessar seu corpo. Ela estaria sonhando? O Lorde da Trevas, Lorde Voldemort ainda interessado nela?
Ele deu outro passo, ficando a poucos centímetros dela. Ela queria, mas não podia trair seu marido. Não sentia nada por ele, mas lhe devia respeito. Eles estavam cada vez mais próximos. Ela precisava, de uma vez por todas, decidir a quem ela seria fiel...
Depois daquele dia, eles passaram a se encontrar nos locais mais inusitados da mansão. Bellatrix o beijou como nunca beijara na vida. Ele, vagarosamente, a guiou para dentro de um dos quartos da mansão. Ela sentia um misto de saudade, desejo e desespero. Uma saudade, um desejo e um desespero que ela sempre sentiria toda vez que ele se afastasse.”
Ela sorriu, em meio as lágrimas, ao se lembrar disso. Agora, escorada na janela, ela sabia que ele jamais viria ao seu encontro novamente. Jamais aliviaria aquela ânsia que ela sentia toda vez que ele se afastava. Jamais sentiria o calor que emanava do seu corpo. O medo que ela tanto sentia em perdê-lo para sempre havia tomado conta de cada centímetro do corpo da comensal. O seu pior pesadelo havia, finalmente, tornado-se realidade. A pior das realidades. Pior do que a tortura que sofrera de Druella, pior que o beijo do dementador, pior que os 15 anos em Azkaban...
Lágrimas continuaram a queimar no seu rosto, deslizando pelo seu pescoço até desaparecerem no seu vestido negro de comensal da morte.
O vestido negro, a marca negra... Eram a marca que ela carregava de sua lealdade e fidelidade, era a marca de que ela pertencia a ele, era a marca que uniria a vida dos dois para sempre.. Puxou para cima a manga de seu vestido e encarou a tatuagem marcada a fogo inerte no seu braço. Parecia um pouco mais clara desde a ultima vez que ela a viu. Salpicou-lhe de beijos apaixonadamente. Queria poder buscar la no fundo da marca, um mínimo vestígio da magia do seu Lorde. Queria senti-la queimar, queria sentir o chamado dele. Mas o chamado nunca mais viria, a marca nunca mais queimaria. Mais lágrimas. Foi ali naquela casa, na sala de estar que ela recebera a marca negra. Depois daquele dia, jamais sairia do lado dele. Onde ele estivesse, ela certamente estaria. Seguiria seus passos por todos os caminhos.
Ela estaria com ele... Sim, ela para sempre estaria com ele aonde quer que ele fosse. Bellatrix enchugou seus olhos e virou-se para o corredor que agora estava extremamente iluminado pelo sol. Seguiu caminhando calmamente. Ela não sentia seu pé pisar no chão, era como se a dor houvesse adormecido todo o seu corpo.
Ao passar pela escada notou que não se encontrava mais ninguém na sala que há pouco ela deixara. Haviam fugido da responsabilidade que tinham para com o Lorde das Trevas. Lucio e Narcisa Malfoy não seriam mesmos dignos de ser seus comensais. Quando estavam na batalha de Hogwarts, apenas se preocuparam no bem do seu filho. Ignoraram o compromisso que tinham com o Lorde das Trevas. Talvez se tivessem ajudado, Voldemort ainda estaria vivo.
Chegou em uma sala que ela conhecia muito bem. Depois do retorno do Lorde das Trevas, todas as reuniões aconteceram ali naquela sala. Ela tinha as paredes nas cores verdes e prata. Uma lareira que parecia ser feita de prata no fundo esquentava o local. Uma longa mesa encontrava-se no centro. Um piano enfrente a gigantesca janela e sofás muito confortáveis e luxuosos na frente da lareira completavam a decoração. Tudo era exageradamente grande e luxuoso. Rapidamente, ao entrar na sala, uma lembrança lhe veio a cabeça:
“Bellatrix andava apressada, seu corpo inteiro tremia de nervoso. As pessoas nos quadros acenavam-lhe com cabeça desejando-lhe sorte. Ela alcançou a porta da sala que estava fechada. Não era possível ouvir nenhum som que pudesse vir de lá de dentro. Calmamente e segurando a respiração, ela tocou a maçaneta da porta e a abriu.
Voldemort se encontrava sentado no sofá em frente a lareira. Ela fez um esforço sobrehumano para não olhar para o chão, onde se encontravam corpos de inúmeros duendes de Gringotes e muitos soltavam gemidos baixos de dor ou palavras sem sentido.
Ela seguiu séria até ele, desviando dos duende e chutando alguns que se agarravam ao seu calcanhar. Não estava com medo, mas estava receosa e um pouco curiosa também.
-Milorde... - hesitou Bellatrix
-Bella... Mais uma vez tu falhaste comigo. Dissera que a taça ficaria segura no cofre, não disse?-Falou calmamente girando a varinha nos dedos.
A pouca cor que Bellatrix tinha na face sumiu. O que ela tinha a ver com isso? Gringotes era realmente muito seguro e nunca havia sido arrombado até aquela noite. Sua vontade era perguntar-lhe se por acaso ela tinha cara de duende... Mas se ela fizesse isso, certamente se uniria aos que jaziam no chão da sala.
-Milorde...Eu... Não sei o que dizer. Recuperaremos a taça antes que ela seja... E se for, ainda tem as outras que estão seguras. Não há o que se preocupar. - Falou rapidamente, embrulhando-se nas palavras.
-Como sabes que as outras estarão em segurança Bella? Como sabe que o menino Potter não as encontrou? - Perguntou levantando-se e posiciando-se muito proximo a ela e encarando-a firmemente.
-Eu... Apenas um palpite.
-Palpite? Você tem noção do que isso representa Bellatrix Lestrange?? - Falou aumentando a voz e apertando os olhos. - Você sabe o que pode acontecer se as Horcruxes forem destruidas?
Bellatrix não dizia nada. Seu coração estava batendo forte. Agora ela estava amedrontada. Ele a segurou pelos ombros.
-Eu vou virar um mortal qualquer, Bellatrix. As Horcruxes são o que me predem a vida eterna. Você compreende o que pode acontecer a proxima vez que eu encontrar Harry Potter se elas tiverem sido destruidas?
-Ele é apenas uma criança Milorde...
-ELE CRESCEU, BELLATRIX! -gritou, sacudindo-a pelos ombros. - Encare os fatos, mulher!
Lágrimas vieram aos arregalados olhos de Bellatrix, mas com toda força que ela tinha, as prendeu e não permitiu que elas rolassem. Estava com medo, mas o olhava nos olhos. Estava nervosa sobre aonde essa conversa poderia chegar.
-Ele cresceu Bella, ele cresceu. - Disse ele agora, mais calmamente – E ele está caçando as Horcruxes. Não sei como, mas ele descobriu... Eu não sei o que fiz de errado... Não entendo o que pode ter falhado... - dizia como se implorasse que ela tivesse uma resposta.
-Mandei Aleto vigiar a torre da Corvinal. É provável que Potter apareça lá. E Bellatrix, quero que prepare os outros comensais. Estejam prontos quando receberem o sinal dela e vão para lá imediatamente e iniciem o ataque. Mas reforce a eles que não quero que matem Potter, ele deve ser meu.
-Potter não colocará as mãos sobre essa Horcruxe, Milorde.
-Espero que não, Bella. Espero que não.
Bellatrix viu que não havia apenas preocupação nos olhos dele mas medo também. Ela faria de tudo para garantir que Potter chegasse as mãos dele e fosse liquidado de uma vez por todas.
-Milorde. Vai dar tudo certo. - Falou mais uma vez sem pensar.
Voldemort a olhou nos olhos mais uma vez. Bellatrix ficava extremamente vulnerável na presença dele, ela praticamente se tornava outra pessoa. Ele levemente levou as mãos em sua cintura e a abraçou com força. Bellatrix se agarrou em seu pescoço e beijaram-se. Queria poder envolvê-lo nos braços para sempre e garantir que ele ficasse em segurança, garantir que ele jamais fosse embora, que jamais a deixasse novamente. Ela queria ficar naquele abraço pra sempre... Mas infelizmente o abraço se desfez do mesmo jeito que se fez e Voldemort voltou a falar.
-Vou verificar as outras Horcruxes. Estarei de volta quando receber o sinal de Aleto.
Bellatrix apenas acenou com a cabeça e o viu desaparecer.”
Fechou as gigantescas portas da sala logo atrás de si e com um balanço da varinha as trancou. Do outro lado da sala, a enorme sacada parecia mais convidativa aquela manhã do que jamais estivera. As portas de vidro estavam abertas e as longas cortinas de veludo verde balançavam suavemente perante a languides do vento. Os raios de sol incidiam com mais força sobre a sala mergulhando-a em um brilho extremo e insuportavelmente branco. Toda aquela claridade parecia insultar a escuridão que já tomara conta de Bellatrix.
Atravessou o salão até alcançar a beirada da sacada onde realizaria sua última mição e sacrifício em nome de seu Lord. Seus braços repousaram sobre o parapeito e seus olhos fixaram o chão. Distantes de seus olhos, porém mais próximo do que nunca. O pouco que lhe restara de sentimentos humanos esvairam-se com o tempo e com os acontecimentos. Ela perdera sua metade, seu líder, seu Lord. Seus sonhos e esperanças espedassaram-se e espalharam-se pelo chão como cacos de vidro. Cacos que jamais poderiam ser unidos e colados novamente.
A leve brisa chocava-se contra seu corpo jogando-a à favor da corrente de ar que ia em direção ao chão. Contudo, ela permaneceu imóvel. Apenas os cachos negros sediam a força do vento e balançavam toscamente. Fechou os olhos e inspirou profundamente secando as últimas lágrimas que escorreram. Quando seus olhos tornaram a se abrir, ela girou o braço e encarou a marca negra que parecia escurecer vagarosamente. Seu dedo indicador contornou-a com carinho e ela quase podia senti-la queimando, ver a cobra se mechendo e o braço formigando. Recebia o último chamado do seu Lorde, o qual ela atenderia prontamente como sempre o fez.
- Estou indo Milord. - disse beijando o pulço com lágrimas voltando a escorrer dos seus olhos.
Bellatrix encarou o céu azul e sacou a varinha. Segurando-a com força nas mãos, mirou para o alto e conjurou pela última vez:
-Morsmordre!
Observou com um sorriso nos lábios a marca que cintilava verde naquela beleza celestial logo a cima de sua cabeça. Queria lembrar-se daquilo para sempre. Queria carregar aquela marca para sempre em sua memória como um prêmio por tudo que fizera, por tudo que conquistara e lhe fora tirado em poucos minutos.
Seus olhos fixaram um ponto qualquer a sua frente. "Continue, Bellatrix." - sussurrava uma voz gélida em sua cabeça. Atendendo a ordem, seus pés subiram sobre a grade da sacada. Os olhos fecharam-se, os braços se abriram sem nunca parar de sorrir. E Bellatrix mergulhou em direção a sua morte, que a abraçou ternamente. Em poucos segundos seu corpo encontrar-se-ia com chão e, então, seu sangue escorreria por cada poro do seu corpo e ninguém jamais poderia beber de sua fraqueza, pois seu sangue fora sempre de seu Lord. Não haveria mais dor, não haveria mais lembranças, não haveria mais nada que pudesse machucá-la. Nada, nem mesmo a morte, poderia ser pior que a dor que ela sentia em perdê-lo.



“See the stone set in your eyes
See the thorn twist in your side
I wait for you
Sleight of hand and twist of fate
On a bed of nails she makes me wait
And I wait without you
(...)
My hands are tied
My body bruised, she's got me with
Nothing to win and
Nothing left to lose
(...)
I can't live
With or without you
(...)
And you give yourself away
(...)”
With or without you (U2)

sexta-feira, 25 de abril de 2008

A espera de um milagre


(Mais sinceros agradecimentos a 'Tom Riddle', minha fonte inspiradora=)



" -Encerro esse caso com a declaração de que Bellatrix Black Lestrange está condenada a prisão perpétua em Azkaban por torturar o casal Longbottom até a perda da razão e por se auto-declarar, perante este jure, fiel comensal da morte daquele-que-não-deve-ser-nomeado. - Disse o ministro da Magia, Cornellius Fudge batendo com seu martelo de madeira na mesa."
Essas palavras ainda ecoavam na cabeça de Bellatrix mesmo após catorze anos. Lembrava-se do dia da sua sentença como se fosse hoje. Lembrava-se de Narcisa olhando estupefata para ela enquanto era levada pelos aurores. Provavelmente estava assustada por não saber que Bellatrix tinha um vocabulário tão rico em palavrões. Lembrava de Barty Crouch e Sirius Black sairem chorando do ministério como se fossem dois bebês. Na verdade Barty Chouch não era mais do que uma criança, não sabia porque o Lorde das Trevas havia escolhido-o para ser seu comensal. Ela também sabia que seu primo não tinha nada a ver com isso, mas era um traidor de sangue. Ele sim merecia apodrecer no fundo da cadeia. Pelo menos alguém recebeu uma sentença justa naquele dia. Mas ela não se importava em ir para Azkaban, afinal, ela foi presa por uma causa que considerava nobre e sabia que um dia seria recompensada por isso. Ah, sim, ela se orgulhava daquele dia no tribunal. Sabia que já estava julgada e condenada antes do julgamento começar. De que adiantaria chorar e se lamentar? De nada. Ela não se humilharia àquele nível. Ela era uma Black Honraria o seu nome e o seu sangue.


Bellatrix havia adquirido uma mania desde o dia em que ela chegou em Azkaban: marcar na parede todos os dias que ela estiver ali. Ela marcava conjuntos de sete ao invés de cinco para poder contar as semanas mais facilmente.
Bellatrix Lestrange pegou uma pedra que se encontrava no chão da sua cela, e fez uma marca na parede com toda a força que ela ainda possuía. O risco marcava exatamente catorze anos de espera por aquele que somente ela tinha certeza que iria retornar. Ela era a única que sabia que Voldemort ainda estava vivo, que ele não podia ter morrido. Ele havia dividido o segredo de sua imortalidade apenas com ela, a sua mais leal e fiel comensal da morte. Ela saberia como encontrá-lo. No entanto, estava trancafiada naquele lugar e impedida de procurá-lo. Queria saber se alguém estava procurando por ele. Talvez sua irmã ou seu cunhado. Mas e se eles tivessem desistido? Fazia anos que sua marca negra não queimava. Algumas vezes durante aquele ano ela sentira uma dormência ou outra na marca, mas não uma queimadura. Não era um sinal que haviam encontrado-o e muito menos que ele teria restaurado o poder.
-Eu esperarei. - dizia ela, enquanto marcava na parede.
A fraqueza começava a tomar conta dela. A sua vontade era pegar uma faca e lhe abrir uma veia para conseguir a liberdade eterna. Muitos dos comensais que foram presos com ela, fizeram isso. Fracos e desmerecedores da honra de servir Voldemort. Ela não morreria para conquistar a liberdade própria. Morreria lutando por ele e ao lado dele. Não iria perder as esperanças, não podia deixar de acreditar nele. Anos se passariam, mas ela sabia que ele iria voltar... Ele iria voltar pra ela.
Bellatrix Lestrange colocou o rosto entre as mãos e lágrimas escorreram em seu rosto. Ela nunca chorava. Ela dizia que lágrimas eram para aqueles que não restavam mais nada, a não ser lamentar-se. Mas o que poderia restar para ela estando naquelas condições subumanas a não ser chorar e se lamentar? Sentou-se escorada na parede, abraçou seus joelhos e lentamente deitou-se de lado no chão. Seus soluços de angustia, de dor e desespero ecoavam por toda a cela. Não havia ninguém ali para poder olhar para ela. Não teria problema se desabasse apenas por um instante.
-EU VOU ESPERAR! - Gritou inúmeras vezes em meio aos seus soluços até que sua voz tornou-se extinta e adormeceu deitada no chão frio e úmido de pedras da sua cela.


Bellatrix lestrange juntou a pedra no chão de sua cela para fazer outra marca na parede. Dessa vez marcaria 14 anos, dois meses e três dias de sua prisão. Estava mais fraca e menos parecida com a Bellatrix Lestrange de alguns anos atrás. Seus olhos pareciam ter afundado no seu rosto. Seus sedosos cachos haviam se transformado em um emaranhado de cabelos tomados por parasitas que já nem lhe provocavam mais cosseira. Suas roupas estavam carcomidas por traças e sua pele branca estava mais branca As unhas que envolviam a pedra que ela segurava estavam compridas e num tom amarelado. Tudo isto misturado a sua expressão inerte a deixava cada dia mais parecida com um Inferi. Ao encostar a pedra na parede, sentiu uma forte ardência no braço que deixou a pedra cair de sua mão e bater no seu pé. Jogou-se no chão abraçando seu antebraço. A dor da marca negra a fez ignorar a dor que sentia no pé causada pela pedra. Fazia anos que não sentia isso que já quase nem lembrava de como aquela dor machucava. Mas ela não se importava a dor. Sentir a magia, a marca do seu Lorde queimando nela era a satisfação que ela tanto esperava.
O sinal tinha sido enviado pela marca de Pettigrew... Mas havia algo estranho...
-Não acredito. - Sussurou ela levantando-se vagarosamente, encarando a serpente que se contorcia no seu braço.
O sinal vinha da varinha do seu Lorde. Ele estava convocando seus comensais. Bellatrix olhou atônita para a marca que ainda queimava em seu braço, correu até a grade de sua cela.
-ELE VOLTOU! ELE ESTA VIVO DE NOVO! O LORDE DAS TREVAS VOLTOU! A MARCA NEGRA ESTA QUEIMANDO! VOCÊS SENTIRAM TAMBÉM??-gritou ela com todas as suas forças, dando pulos agarrada as grades. Gritos de alegria e afirmação ouviu-se por todo o corredor de Azkaban. - Ele voltou pra mim. - sussurou Bellatrix voltando a olhar para a marca.
Uma gargalhada saiu de sua garganta e uma felicidade que há tempos não sentia a invadiu. Nem se preocupou com os dementadores que começaram a rodar sua cela para poder sugar toda a felicidade que tinha nela. Ele estava vivo, isso dementador nenhum poderia mudar. Agora era apenas uma questão de tempo, para que Voldemort fosse tirá-la daquele inferno. Ela tinha sido leal por todos esses anos, jamais o abandonara. Ele não a abandonaria. Ela sabia que ele iria, e esperaria mais um pouco.


Bellatrix fez outra marca na parede de sua cela marcando seu 15° ano de prisão. Desde que o Lorde das Trevas retornou, a marca queimava todos os dias. Mas isso não a alegrava mais.
Fazia um ano que seu Lorde havia voltado, no entanto, ela continuava a apodrecer naquele lugar. Ele estava castigando-a e era o mínimo que ela podia esperar. Ela era culpada por tudo. Ela sabia dos segredos das Horcruxes e não tinha feito nada para ajudá-lo. Por confiar inteiramente na sua capacidade, ele demorou para retomar o poder. Mas como ele poderia esperar que ela fosse útil estando em um lugar que não se pode usar magia? Por isso ele a abandonou. Ela havia se tornado uma inútil. Ele jamais iria ao seu encontro novamente.


Bellatrix fez outra marca na parede de sua cela. Quinze anos e quatro meses haviam se passado. Já havia aceitado o destino que seu lorde havia deixado para ela. Morreria ali por Ele e não seria nenhum sacrifício a mais para ela, afinal ela não passava de uma morta-viva, não seria mais útil para ele. Com certeza já devia ter arrumado outras comensais mais jovens e mais poderosas do que ela para servi-lo... Bellatrix juntou a pedra que ela usava para marcar os dias e atirou contra os ratos que passeavam por ali indiferentes a presença da comensal. Esses pensamentos fizeram Bellatrix esbofetear-se no rosto. Atirou-se no chão.
-Crucio! Crucio! Crucio! - Dizia entre os dentes enquanto batia em si mesma.
Devia castigar-se como um elfo domestico faria. Ela não deveria duvidar do seu mestre. Não de sua lealdade para com ela. Ela era muito mais que uma simples comensal e ele sempre deixou isso claro para ela. Ele jamais deixaria ela de lado. Ela era sua amante carnal e espiritual. Ela sempre o aconselhara e sempre esteve presente quando ele precisou. Ela era única. Em todos os sentidos. Se ele ainda não tinha ido buscá-la era porque ele devia ter um motivo.
-Crucio! Crucio! Crucio! - continuava a bater em seu rosto e em seu corpo. A raiva que sentia de si, a deixou com o corpo dormente. Sentia raiva por não sentir dor. Parou apenas quando sentiu o gosto do sangue que escoria do seu nariz até os seus lábios. Rastejou até a parede e sentou-se escorada nela.
-Eu esperarei Milorde. Eu esperarei. - dizia ela limpando o sangue com o resto que tinha sobrado da manga de suas vestes.


Ainda estava jogada em um canto de sua cela observando os ratos que corriam de um lado para o outro e tocava levemente o contorno de sua marca. Havia se tornado tão fraca que não assustava nem os roedores. Não fazia mais questão de contar as marcas na parede e com isso não sabia mais quanto tempo havia passado desde aquela noite. Apenas marcava os dias como outro qualquer. Desde que soube que nunca mais sairia dali, todos os dias em Azkaban eram outro dia qualquer.

A tatuagem eu seu braço começou a escurecer rapidamente. A cobra começou a movimentar-se vagarosamente. Ela sabia o que ia acontecer. Sentiu a marca queimar. Outro sinal de Voldemort. Mas esse não era um sinal qualquer. Não era como os outros em que ele convocava os comensais. Era um sinal que indicava que ele estava a caminho e ficava mais forte a medida que ele se aproximava. Ele estava finalmente indo buscá-la. Bellatrix saltou e correu em direção as grades de sua cela.
- ELE ESTA VINDO! - gritava ela triunfante, batendo com as mãos na grade. Ele estava voltando para buscá-la. Ele estava voltando para ela.
Um estrondo forte ouviu-se quando as paredes de Azkaban explodiram. Bellatrix andou vagarosamente até o espaço que havia sido aberto na prisão. Ela podia sentir o vento gelado que vinha do oceano. Podia ver os dementadores voando em volta da prisão.
Bellatrix gargalhou olhando para a lua. Sentia a magia fluir no seu sangue. Sentia o sabor da liberdade. Sentia o vento nos cabelos e via os raios clarearem o céu. A marca ardeu mais forte. Ela sorriu olhando para o céu. Ela sabia que ele estava alí
-Bella. - disse uma inconfundível voz gelada.
Bellatrix estremeceu e o sorriso se desfez. Virou-se e viu logo atrás dela aquele que tantas vezes durantes seus sonhos viu indo buscá-la em Azkaban. Mas agora não era um sonho. Ele estava ali de pé, mais vivo e poderoso do que nunca.
Voldemort vestia as mesmas roupas negras tradicionais de sempre. Esboçou um sorriso ao ver Bellatrix. Sim, ele sorriu para ela.
Bellatrix correu até ele e atirou-se aos seus pés. Lágrimas de alegria brotaram instantaneamente dos seus olhos.
-Milorde, eu sabia que viria. Eu sabia que você viria me tirar daqui. No fundo eu sabia! Perdoe-me por instantes ter duvidado do senhor! Perdoe-me por não ter ido ao seu encontro quando retornou! Perdoe-me por ter me tornado essa inútil...- disse Bellatrix com a voz tremula, soluçando, ainda aos pés do seu lorde. Lagrimas queimavam em sua face incessantemente. Chorar pelo seu Lorde nunca era de tristeza ou fraqueza. Eram lágrimas que demonstravam a força que ela tinha para ter suportado Azkaban e a devoção que ela tinha por ele. Eram lágrimas tão nobres quanto o seu sangue.
-Minha doce Bella, o que Azkaban fez com você? - Falou ele, abaixando-se, tocando um de seus finos e longos dedos no queixo da comensal, levantando seu rosto para que ela olhasse para ele. - Eu te peço perdão por deixar-te esperar tantos anos.
-Não Milorde. Jamais me devestes desculpa alguma. - disse Bellatrix, balançando a cabeça negativamente com lagrimas escorrendo pelo seu rosto, encarando os vermelhos olhos de cobra do seu mestre. As feições de Voldemort haviam se transformado muito mais. Mas Bella não se importava. No fundo, para ela, ele continuava o mesmo adolescente rebelde com que se escondia nas torres do castelo de Hogwarts e ouvia falar dos seus desejos de dominar o mundo bruxo. Sempre o admirou. Para sempre o admiraria.
-A alguém que suportou Azkaban por tanto tempo, devo todas as desculpas do mundo. - Disse ele olhando em seus olhos.
-Não, senhor. Eu resolvi seguir-te e com isso arcar com todas as conseqüências da minha decisão. Suportei Azkaban por alguém que sempre mereceu todos os esforços do mundo. Enfrentaria mais quinze anos se fosse preciso. - Disse ela convicta.
-Jamais permitiria que isso se repetisse a minha mais leal comensal da morte. - disse ele, agora beijando levemente o rosto da comensal.
Bella sentiu uma queimação aonde ele beijou quase igual a ardência da marca negra. Um arrepio atravessou seu corpo.
Ele a colocou de pé.
-Trouxe algo que te pertence, Bella. - disse ele tirando de suas vestes, a varinha da comensal.
Bellatrix tomou sua varinha e a segurou com vontade. Sentiu a magia arder mais forte dentro dela. Ela não se lembrava de como era magia. Será que ela ainda seria capaz de conjurar alguma coisa?
-Morsmordre! - Gritou ela com toda sua força apontando para o céu escuro que cobria Azakaban.
Uma luz atingiu o céu e um crânio com uma cobra cintilaram verdes sob suas cabeças. Bellatrix olhava para a marca hipnotizada. Podia sentir o calor que ela emanava sobre o frio cortante da prisão.
-Aceita um passeio com seu Lorde, Bella? - Disse ele sorrindo, oferecendo seu braço direto para que ela segurasse.
-Jamais recusaria convite nenhum vindo de você, Milorde. - Disse ela fazendo uma reverência.
-Bella, mesmo após tantos anos trancafiada nesse chiqueiro não perdeste esta mania de 'formalidades' comigo? Sabes que as dispenso de você. - Falou segurando Bellatrix, tirando-a da posição de reverência.
-Eu sei meu Lorde, mas ainda assim insisto em te tratar dessa maneira. É mais do que merecido.
-Como quiseres, mas as dispensará por pelo menos esta noite. - Disse ele, seriamente.
-Vou apenas dispensar as formalidades esta noite pois você esta pedindo. Como comensal fiel que sou, farei o que você desejar. - Falou Bellatrix, sorrindo.
Ele novamente ofereceu o braço a ela, e sumiram no ar deixando para trás aquele lugar que Bellatrix não queria ver tão breve.
Bella não lembrava mais da sensação sufocante de aparatar. Mas para ela, nesse momento, era a melhor sensação do mundo. Sentiu a terra embaixo de seus pés descalços e uma leve brisa beijou seu rosto. Estava com os olhos fechados para poder sentir àquilo tudo mais profundamente. Os barulhos das corujas e os uivos ao longe soavam como musicas aos seus ouvidos. Tudo para ela era mágico. Era como descobrir o mundo novamente. Respirou fundo.
Voldemort apenas observava a comensal. Azkaban havia acabado com sua beleza, mas ela continuava a mesma por dentro. Continuava fiel, leal e tinha algo no olhar que era absurdamente atraente. Fez um gesto com a varinha e rapidamente Bellatrix estava limpa e livre das roupas da prisão. Vestia agora as suas roupas negras de comensal.
Ela abriu os olhos e pode reconhecer aonde estavam. Seu coração acelerou. Estavam na floresta proibida enfrente a uma árvore com a marca de uma serpente, local que muitas vezes serviu de cenário para seus encontros. A cada instante, Voldemort a surpreendia mais...


“-Tom? - sussurrou a menina, virando a direita na árvore com a marca de uma cobra e seguido em frente. Seu coração batia acelerado e tinha a varinha nas mãos.
Já havia decorado o caminho na floresta proibida. Fazia meses que se encontravam ali depois do jantar. Ele podia sair a hora que quisesse do salão comunal da Sonserina, afinal era monitor chefe. Ela sempre arrumava um jeito de escapar, afinal era Bellatrix Black.
-Estou aqui Bella. - Disse, logo atrás dela escorado na árvore com a serpente desenhada.
Bellatrix tinha ido reto e havia passado por ele sem se dar conta. Ela procurava não demonstrar, mas sempre ficava nervosa quando se encontrava com ele.
Bellatrix sorriu ao ouvir a voz dele, guardou a varinha e virou-se para encará-lo. Nossa, como ele ficava lindo naquela penumbra. Era quase impossível segurar o desejo de pular no seu pescoço.
-Achei que não viria mais... – Disse ele, indo na direção de Bellatrix.
-Você sabe que não durmo direito quando não nos encontramos. - Disse ela, sorrindo maliciosamente.
Ele riu também e levemente a beijou. Seu beijo era doce, carinhoso e quente ao mesmo tempo. Suas mãos oscilavam entre sua cintura e cabelos. Bella passava uma mão no cabelo perfumado dele e com a outra, vagarosamente, desfazia o nó de sua gravata. Dando leves selinhos nos lábios dela, abria os botões da camisa da menina.
- Sentirei saudades... -sussurou ela.
-Será por pouco tempo.- Disse, ainda beijando Bellatrix.


-Deve se preparar para o que está por vir, Bella. - Disse Voldemort, tirando-a de suas lembranças. - Quero a minha comensal preferida nas missões mais importantes.
-Sempre estive preparada, Mestre.
-Então deve preparar-se mais. Não quero cometer o mesmo erro que cometi a quinze anos atrás... - Dizia Voldemort, mais para si do que para Bellatrix.
-Não se preocupe Milorde. Estarei pronta para o que quiseres que eu faça. Não vou decepcioná-lo - Bellatrix fez menção de reverência-lo, mas com um olhar Voldemort a repreendeu e ela voltou a sua posição.
Eles apenas se olharam por um instante. Voldemort mantinha o mesmo pensamento em mente. O mesmo que tinha sempre que encarava a comensal. Bellatrix ainda não acreditava que a menos de meia hora atrás, estava agonizando numa prisão e que agora estava frente a frente com seu Lorde, aquele que havia sido considerado morto por tantos, mas que estava ali, encarando-a de pé, pronto para lhe dar ordens que ela teria o maior prazer em cumprir.
-Esperei tanto por esse momento...- Sussurou Bellatrix, sem desviar o olhar.
-Esperei por esse momento tanto quanto tu, minha querida – Disse ele, tomando uma da mãos da comensal e levando-a aos lábios.
-Só agora percebo o quanto valeu a pena esperar-te. - disse ela, aproximando-se do seu lorde.
-Sabe, tenho sentido muita falta da nossa época em Hogwarts, quando ainda éramos jovens e eu tinha feições mais humanas... Você, minha bela, apesar desses anos em Azkaban continua a mesma beldade com a qual eu escapava da sala comunal da Sonserina durante as madrugadas... - Sorriu maliciosamente.

Bellatrix não acreditava que ouvira isso dele. Ele ainda se lembrava dessa época... Fazia tantos anos, mas ele sentia falta... Ele sentia falta dela...
-Asseguro-te que meus sentimentos por ti continuam os mesmos desde a nossa época em Hogwarts. Te encontrar me faz sentir como uma adolescente novamente.- sussurrou devolvendo o sorriso malicioso.
Ele sabia que os sentimentos de Bellatrix iam muito além de admiração. Ela sabia que os sentimentos dele não passavam disso. Mas ela nunca se importou, afinal sempre soube que os objetivos do seu lorde não permitiriam o envolvimento mais profundo com uma mulher. E ela estava satisfeita por ter o homem que ela queria com ela.
Ele olhava penetrante nos seus negros olhos. Ela sabia que ele estava lendo sua mente. Não estava preocupada com isso. Muito pelo contrário, o que ela mais queria era que ele lesse seus pensamentos.
-Deves tomar cuidado com o que pensas, Bellatrix. - Disse ele maliciosamente.
-Não tomarei cuidado enquanto pensares o mesmo que eu - respodeu maliciosa.
Ele deu um passo a frente, deixando seu rosto a menos de um centímetro do rosto da comensal. Bellatrix podia sentir sua respiração. A beijou no canto da boca.
-Sentiste saudades? - Perguntou ele, num sussurro ao pé do ouvido da comensal.
-Infinitas Milorde. - Disse ela sussurando também.
Bella cerrou os olhos, e com a sua mão direita, fez com que a mão do seu lorde, suspensa ainda a milímetros de sua cintura, a tocasse. Como ela havia ansiado por aquele toque, para sentí-lo de novo. Com a outra mão, ele enfiou os dedos por entre os longos cabelos cacheados dela, segurando-a com desejo. Ela não resistiu mais, e o abraçou com força, pendurando-se no pescoço dele. Podia sentir o coração dele batendo junto ao dela. Podia sentir o perfume dele. Como era bom estar nos braços de Voldemort. Lágrimas escorreram mais uma vez dos olhos de Bellatrix.
-Obrigada por retornar Milorde. - Disse Bellatrix voltando a si, afastando-se dele e olhando para o chão. Ele era seu Lorde, não podia simplesmente chegar pulando nos braços dele. Devia esperar uma ordem.
Ele não disse nada. Apenas voltou a enlaçar Bellatrix pela cintura. A comensal estremeceu.
-Hoje você será somente minha. - falou ao pé do ouvido da comensal.
-Eu sempre fui somente sua, Milorde. - Disse num sussurro fechando os olhos.
Ele beijou levemente seu pescoço e seguiu beijando-a vagarosamente até a sua boca. E, quando encostou, de leve, os lábios dela com os seus, pôde sentir o seu gosto. Bellatrix sentiu, pela primeira vez na vida, como se estivesse sendo consumida por chamas, corria fogo vivo em suas veias. Era a primeira vez que Voldemort a tratava com um certo carinho. E ele apertou os lábios contra os dela, intensificando aquela sensação maravilhosa. O coração deles batiam fortes, cada vez mais rápido, num compasso sincronizado. Os lábios trêmulos, sôfregos de Bella se abriam para ele, e ele aprofundava, assim, cada vez mais o beijo. Ele segurando-a pela cintura, a puxou para mais perto. Passava as mãos pelos cabelos negros dela, enquanto ela se equilibrava, na pontinha dos pés, abraçada ao pescoço dele. O calor que sentiam era tão intenso, que era como se a qualquer momento eles fossem derreter, para se fundirem num só corpo. Ela agora experimentava, de novo, o que era felicidade. Sentia-se inteira novamente, completa. Depois de anos de tortura naquele lugar horrível, sem aquela sensação de plenitude, sentia-se recompensada. Com uma das mãos, ele vagarosamente abria seu vestido, ela, também sem pressa, despia sua gravata. Teriam bastante tempo. Quanta saudade ela havia sentido dele...



"I'm standing on a bridge

I'm waiting in the dark

I thought that you'd be here by now

There's nothing but the rain

No footsteps on the ground

I'm listening but there's no sound


Isn't anyone trying to find me?

Won't somebody come take me home?


It's a damn cold night

Trying to figure out this life

Won't you take me by the hand?

Take me somewhere new

I don't know who you are

But I... I'm with you


I'm looking for a place

I'm searching for a face

Is anybody here I know?

Cause nothing's going right

And everything is a mess

And no one likes to be alone

(...)

Why is everything so confusing?

Maybe I'm just out of my mind."



I'm With you -Avril Lavigne

quinta-feira, 20 de março de 2008

Maldita coincidência!


Era uma noite escura, passava da meia-noite, e para a sorte dele, era lua nova. Remus esperou o ônibus se aproximar, e como já tinha pego ônibus antes, sabia o que devia fazer. Subiu pela porta traseira e notou que havia apenas uma passageira, que estava sentada nos últimos bancos, antes da roleta. Ela tinha cabelos negros presos em um penteado de uma forma que deixava boa parte dele solto pelas costas. Conhecia muito bem aqueles cabelos.Bellatrix olhava a rua concentrada, como se estivesse em transe e nem percebeu a aproximação do Lobisomem.
- Bellatrix? – Disse ele sentando-se ao lado dela
- O que? Ah não...Você? – Disse ela olhando-o de cima a baixo, sem se preocupar em esconder a surpresa que tivera.
- Pois é... Acho que a coincidência quer de brincar com a gente - Disse Lupin num tom descontraído, sem se importar em dividir o ascento com uma de suas piores inimigas.
Bellatrix sorriu. E foi a primeira vez que ele a viu sorrir de uma forma que não era sarcástica. Não era como o sorriso que ela deu como quando se encontraram tantas outras vezes. Não, dessa vez era um sorriso sincero, de alguém que realmente queria sorrir.Ela voltou a encarar a rua.
-Achei que comensais não gostassem dessas parafernálias trouxas... Disse Lupin.
- Voldemort tinha me dado um carro para ir as reuniões.- Disse ela séria – Mas o problema é que os trouxas colocam postes demais nas ruas!-Disse ela, agora um pouco com raiva ainda a olhar pela janela do ônibus.
Lupin riu. Bellatrix lhe deu um olhar gelado, quase desafiador. Ele decidiu que era melhor parar de rir.
- Mas...Por que você simplesmente não o concertou?
- Digamos que noite passada eu e Rodolphus tomamos muita cerveja amanteigada e aí eu confundi a minha varinha com um duende que tocava uma musica insuportável com uma gaita e acabei quebrando a varinha.- Disse ela séria, ainda encarando as árvores que passavam.
- E você quebrou a varinha tentando matar o Duende?
- Que tipo de criatura maléfica você acha que eu sou Remus?- Disse ela sacudindo a cabeça – Fui tentar arrancar a gaita da mão dele, e acabei quebrando a varinha... Disse ela séria voltando a encarar as casas e arvores que passavam pela janela.
- Ah... Isso então quer dizer que Bellatrix Lestrange está desarmada?- Disse ele sacando sua varinha, virando seu corpo na direção de Bellatrix e olhando-a nos olhos.
Ela virou o corpo e o encarou também. Era a primeira vez que ele via medo nos olhos de Bellatrix. (Ta, tudo bem, não era bem um meeeeedo. Talvez um receio. Talvez uma duvida.).Neste momento o ônibus fez uma curva fechada, fazendo com que Bellatrix encostasse a cabeça contra a janela e jogando o corpo de Remus Lupin para cima dela. Eles continuavam a se encarar. Foi quando seus lábios se tocaram. Um beijo tímido, apenas um selinho, um leve toque nos lábios, mas que fez Bellatrix fechar os olhos.Remus já nem sabia mais o que sentia ou o que estava acontecendo. Na verdade ele sabia e tinha muita noção disso, mas não queria admitir. Bella não gostou nenhum pouco. Não gostou nenhum pouco de ter gostado disso. E como num estalo, quando o ônibus parou numa sinaleira, ela voltou à realidade e num solavanco empurrou Lupim para longe dela e tomou a varinha de sua mão, apontando-a para o peito do Lobisomem.O motorista notou a movimentação no fundo do ônibus e os observou pelo espelho. Mas notou que eles estavam brigando por algo que mais tarde ele nomeou como ‘graveto’. “Esse povo ta ficando maluco!” Pensou ele e voltou a se concentrar no transito.
- Como ousa seu infeliz??-Disse ela furiosa - Não tem medo da morte?? Esqueceu que eu sou uma comensal??
- Você está certa.- Falou ele sério, encanrando-a. Pegou a sua varinha das mãos de Bellatrix, guardou-a no bolso do seu casaco, deu o sinal para descer e passou pela roleta.
- Lupin!
Ele se virou e viu Bellatrix um pouco atrapalhada na roleta. Segurou o riso.
-Eu desço aqui também. - Disse ela com aquele jeito sério, frio e prepotente que só a Bellatrix tem.O ônibus parou e Lupin entregou o dinheiro da passagem para o motorista.
- O que esta fazendo??? Perguntou Bellatrix com um grande ponto de interrogação na face.
-Pagando a passagem ué.
Bellatrix apenas fez uma cara de espanto e não falou nada.
-Não me diga que você...Disse Lupin sorrindo. Sacudiu a cabeça e falou para o motorista ainda com um sorriso e olhando para bellatrix que continuava séria.“Desconte mais uma passagem”.Desceram do ônibus e seguiram em frente pela rua escura.
-Se não sou eu, você ia parar no final da linha e teria que dar uma boa explicação para a companhia do Ônibus...
Ela não disse nada. Caminhava com os braços cruzados olhando para o outro lado, emburrada como uma criança mimada.
-Vamos, eu te acompanho até o seu apartamento. Não é nada seguro para uma grande comensal da morte tão poderosa que não sabe diferenciar uma varinha de um Duende que toca gaita andar sozinha e sem varinha numa rua escura como essa. –Disse Lupin num tom de brincadeira.
-Escute aqui – disse ela parando na frente dele, colocando uma das mãos na cintura e apontando um dedo no nariz dele – Eu NÃO preciso que um Lobisomem idiota que acha que é importante porque sabe andar num ônibus nojento infestado por trouxas pra me proteger! Eu sei me defender muito bem! – Disse Bellatrix num tom quase ‘adolescente rebelde’.
Nesse momento os dois voltaram a se olhar diretamente nos olhos. Sentiram que ia começar tudo de novo. Lupin passou uma de suas mão pela cintura de Bellatrix e sentiu o corpo da comensal tremer ao seu toque. Puxou-a para junto de si e deu-a um beijo de leve no canto da boca. Bellatrix sentiu queimar aonde ele beijara e fechou levemente os olhos. Passou a outra mão pela cintura dela e agora Bellatrix passava seu braço ao redor do pescoço de Remo.
- Bella...Você mal sabe se defender dos seus instintos...
- Talvez seja porque eu não queira me defender, Remus. Disse ela quase num sussurro, com os lábios a menos de um centímetro da boca de Lupin.
Beijaram-se. Um beijo desesperado em que as bocas buscavam-se insaciavelmente. Sentiram como se flutuassem, como se o grande abismo que sempre os separavam jamais tivesse existido. É certo que Remus esperasse que Bellatrix pegasse a varinha dele do seu bolso e apontasse contra ele mais uma vez. No entanto, ela o surpreendeu de novo: Ela realmente pegou a varinha dele, mas não se viu fleches de luz verde nem nada... Ela apenas desaparatou.
“Maldita Bellatrix!” - Pensou ele, dando um sorriso e continuando seu caminho.
O reencontro
Um raio de sol entrava pela janela, batendo diretamente nos olhos de Bellatrix. Virou o rosto para o lado. Acordara um pouco atordoada sem saber direito se o que acontera na noite passada foi um sonho ou era verdade. Tateou embaixo do travesseiro e encontrou, junto com o livro de magia negra que costumava ler antes de dormir, a varinha de Remus Lupin. Sorriu abrindo levemente os olhos. Um problema estava resolvido: Conseguira uma varinha e poderia continuar lutando na guerra e não precisaria se esconder. Mas o que a incomodava agora era o ‘outro problema’ que estava plantado na porta do quarto pronto para fazer chover perguntas. Na noite passada chegou um pouco tarde em casa e, por sorte encontrara Rodolphus dormindo. Mas agora seria impossível para ela fugir do interrogatório.
- A onde esteve ontem a noite que chegaste atrasada, Senhora Lestrange?- Perguntou Rodolphus.
- Vai começar essa hora da manhã? – Perguntou Bellatrix olhando para o marido e em seguida virando para o lado.
- Nem tente mudar o assunto. – Disse ele sério, caminhando em direção a cama cruzando os braços.
- Ah Rodolphus, meu carro estragou e eu tive que voltar de Ônibus pra casa...
- Você andando de Ônibus?? Háháhá! Não acredito que perdi essa...Mas continue a história. Parece bem interessante! - Disse ele, jogando-se na cama e sentando-se ao lado da esposa.
Bella olhou pra ele com desprezo.
-Sim ‘dolphinho’. – Disse ela passando um dedo no rosto do marido.(ele odiava quando era chamado assim. Lembrava de sua infância quando sua mãe insistia em chamá-lo assim na frente dos seus amigos.) E aproveitei a oportunidade para conseguir uma varinha... – Disse ela puxando a varinha de Remus Lupin de baixo do travesseiro.
- Uma varinha? Mas de quem você... Como você conseguiu?
- De Remus Lupin, meu bem. – Disse ela fitando a varinha e deu um de seus sorrisos sarcásticos olhando para o rosto surpreso de Lestrange. - Digamos que em um momento em que estávamos ‘bem próximos’, consegui pegar a varinha do bolso dele e desaparatar.
Rodolphus olhou-a intrigado. Pensou em perguntar o que ela quis dizer com “bem próximos”, mas não quis deixar que ela percebesse que ele estava com uma ponta de ciúmes. E ainda mais ciúmes de Remus Lupin, o lobisomem.
- O Elfo já fez o café, se estiver com fome. Vou sair para me encontrar com Lucius e Rebastan. O mestre ficará feliz em saber que arrumou uma varinha. – Disse ele, dando um beijo na testa da esposa, levantou-se pegou o seu casaco que estava num cabide e saiu porta fora.
Bella virou de lado na cama. Olhava para a Janela agora lembrando do sonho que tivera: Entrava numa rua escura e encontrava o mesmo duende que ela confundiu com a sua varinha, então ele começava a tocar uma musica insuportavelmente apaixonada e se transformava em Remus Lupin, a beijava e os dois iam parar dentro de um ônibus.
Olhou o relógio na cabeceira e viu que passava das 9:00hrs. Decidiu, contra a sua vontade, levantar e ir até o banheiro tomar um banho. Aproveitou que agora tinha uma nova varinha e a usou para ligar aquele maldito chuveiro trouxa que sempre a dava choque. Quando voltou pro quarto enrolada numa toalha, encontrou Rodolphus Lestrange deitado na sua cama, lendo o livro que ela guardava em baixo do travesseiro. Fingiu que não o viu, afinal ele tinha marcado um encontro com aqueles patéticos pseudocomensais e não a tinha convidado. É certo que ficariam horas conversando em meio a fumaças fedorentas de charuto sobre como começar o ataque, o que pra ela era inútil. Afinal, nunca se sabe como o inimigo vai agir (é... realmente não se sabe). Estava pensando em um motivo para ele ter voltado TÃO cedo, mas nada vinha a sua cabeça além de ele ter lembrado de mais algumas perguntas para lhe encher o saco, já que ele não era feliz enquanto não tentava, em vão, óbvio, controlá-la. Foi se vestir, largando a varinha de Remus em cima da cômoda, ao lado do armário. Tinha apenas largado a toalha e estava procurando suas roupas quando ouviu ‘aquela’ voz inconfundível.
- Não sabia que gostava de ler. – Disse ele tirando o livro da frente do seu rosto e olhando a figura de Bellatrix nua, enfrente ao ropeiro.
- AHHH! QUE DIABOS ESTÁ FAZENDO AQUI???? – bradou Bellatrix, juntando a toalha e cobrindo-se novamente.
Ela se enganara. E se enganara MUITO feio. Não era Lestrange, e sim Lupin que se encontrava no SEU quarto, deitado na SUA cama, escorado no SEU travesseiro e lendo o SEU livro.
- Ei, por Mérlin! Não queria te assustar. Mas se eu dissesse que viria, você provavelmente daria um jeito de fugir com a minha varinha de novo...
Bella lembrou-se que agora estava armada. Pegou a varinha dele e apontou pra ele. Isso já tinha virado costume...
- SUMA DAQUI AGORA! – Disse gritando com todas suas forças
Ouviu o elfo vindo e, com um balanço da varinha trancou a porta.
- Como vou sair se você trancou a porta, Bellatrix?
- Do mesmo jeito que entrou, Remus!- E por onde acha que eu entrei? – Perguntou Remus. – Ainda não consigo atravessar paredes como fantasmas.
- Mas vai virar um deles se não desaparatar daqui a meio segundo!
- Bella, eu vim porque... – Dizia ele, mas foi impedido por Bellatrix.
-AVADA KEDAVRA! – Disse ela, em um grito estridente, nervoso e com a voz tremula. Uma luz verde saiu da varinha e indo na direção de Lupin.
Ele jogou-se para o lado, desviando do feitiço que passou a uma polegada dele.
- Eu não acredito que aquele duende de jardim estúpido te deixou entrar sem a MINHA autorização! É bom ele se considerar um elfo MORTO! – Falou indignada. - E Lupin, continue embaixo da cama até eu me vestir, ou dessa vez NÃO esitarei em ver a luz deixando seus olhos. – Disse ela, com uma voz quase maliciosa.
Remus resolveu obedecer, não tentaria mais provocar a comensal, já que esteve a dois centímetros e meio de perder a vida. Começou a se perguntar se não tinha sido uma péssima idéia ter ido até lá. Mas ele precisava da varinha de volta. Sabia que sua varinha nas mãos daquela psicopata era uma calamidade. Tivera a prova disso há alguns segundos atrás. Teria que desarmá-la de qualquer maneira.
- Se importa de fechar aqui pra mim, Lupin. – Disse ela indo na direção do lobisomem que se encontrava deitado no chão, de olhos fechados como uma criança com medo do bicho-papão.– Você fica patético assim, Remus. –Disse Bellatrix rindo com o canto da boca e olhando para a figura do homem atirado no chão.Ele se levantou e por alguns segundos observou a comensal de costas para ele, com o vestido negro aberto e segurando os cabelos para cima, para que ele pudesse fechar as vestes para ela.“Ela tenta me matar e agora pede para eu fechar o vestido pra ela?” -Pensava Remus Lupin.
Bellatrix era realmente uma caixinha de surpresas. A maioria má surpresas, é verdade... Mas algumas, nem tão más assim.
- É pra hoje, Lupin.
Ele então com cuidado, puxou o zíper vagarosamente que começava a baixo de sua cintura, e ia atééé em cima. Não durou menos de dois segundos, mas pra Lupin pareceu uma eternidade aquele momento de “intimidade” entre os dois. Afinal, arquiinimigos não costumam fechar a roupa um do outro, costumam?
Ela virou-se e encarou-o
- Pergunta número um: Como sabe onde eu moro? – Questionou Bellatrix.
- Digamos que eu more perto o suficiente para ter te visto essa noite pela janela do seu quarto...
- Anda me espionando, Remus? – Perguntou ela, estreitando os olhos perigosamente.
- Por incrível que pareça, não. Não estou. – Disse ele sentando-se na cama.
- Pergunta número dois: Que raios está fazendo aqui?
- Você já me perguntou isso Bellatrix Lestrange...
- Mas você não me respondeu, Remus Lupin.
- É claro que não! Como quer que eu responda se quando abri a boca você me lançou um Avada Kedavra?
Ela não disse nada. Apenas continuou séria, encarando ele, esperando uma resposta.
- Eu vim te propor um acordo. – Disse Remus.
- Não faço acordos com inimigos. No máximo eu os torturo até eles fazerem o que eu quero. – Disse Bellatrix, com um sorriso sarcástico andando em direção á cômoda e pegando a varinha de Lupin.
Numa velocidade extraordinária, Remus levanta-se e saca uma varinha de dentro de seu casaco.
- Expelliarmus! – Gritou ele.Um fleche vermelho saiu da varinha que remus segurava, atirando longe a varinha da mão de bellatrix.- Accio Varinha. – Falou ele trazendo a varinha dele de volta as suas mãos.- Não pensou que eu viria desarmado, pensou Lestrange? Perguntou Remus com um sorriso igual aos de Bellatrix.
Remus conseguira desarmá-la e pelo menos em curto prazo ela não representava mais um risco pra ele. Ela agora o encarava exatamente com o mesmo olhar do ônibus. Irritada, pegou um vaso de flor que estava sobre o móvel e atirou na direção dele. O vaso voou e ia acertar em cheio Lupin na cabeça, mas ele se desviou fazendo com que o vaso colidisse contra a janela e fosse se espatifar lá embaixo, na calçada do prédio.
- SEU INFELIZ! Como ousa invadir o MEU apartamento, roubar a MINHA varinha e rir da MINHA cara? – Bradou Bellatrix, com olhos furiosos que só faltavam saltar faíscas.
- Duas correções: Não invadi sua casa, o Elfo deixou eu entrar. E a varinha é minha, Bella... – Disse Remus levantando a varinha e mostrando pra ela. – E não se preocupe, já consegui o que queria.
Remus guardou as duas varinhas no caso, e foi andando em direção a porta. Quando passou por Bellatrix, ela o segurou pelo braço.
- Remus. De quem é esta outra varinha?
-Esta? – Perguntou Lupin mostrando a varinha. – Era minha. Usei no meu primeiro ano em Hogwartz, mas depois meu pai comprou esta outra e me deu de natal. Acabei abandonado esta, e por sorte a encontrei no meio das caixas da mudança...
- Posso ficar com ela? Perguntou Bellatrix, como se fosse uma criança pobre, pedindo por comida. – Se eu ficar sem varinha, não poderei lutar na guerra...
Remus pensou, e em seguida respondeu.
- Era exatamente o que eu ia te propor quando você resolveu me atacar: Uma troca de varinhas. Mas já que agora eu tenho a minha de volta, te darei esta com uma condição.
- Qual? – Perguntou ela com receio da resposta.
- Não usá-la contra mim.
- Há! Impossível, Lupin. – Disse Bellatrix, sorrindo.
- Tem razão, Lestrange. – Remus riu também.
Nesta troca de sorrisos os dois se olharam no fundo dos olhos um do outro novamente. Olhares, olhares... O que eles são capazes de fazer com duas pessoas? Seriam capazes de desfazer abismos que as separam?
- Ta olhando o que Lupin? – Disse ela, arqueando uma das sobrancelhas.
Não, definitivamente não são. Bellatrix continuava fria, seca (por dentro e por fora), arrogante, prepotente, sínica, dissimulada, falsa, sarcástica e tantos outros 430 defeitos que Remus, Sirius e James uma vez haviam enumerado para ela. Mas ela precisava ser TÃO ‘Bellatrix’ num momento como este?
- Nada. Estava apenas reparando que desse ângulo – disse ele pegando no queixo da Bellatrix e girando o rosto dela um pouco para o lado – eu diria você fica um tanto quanto... ‘Bella’. – disse ele sério.
- Tira mão de mim seu lobisomem imundo! – Ela disse e deu um tapa na mão dele, tirando-a do seu rosto.Ele começou a rir um pouco. Aproximou-se dela.
- Sabe o que eu acabei de me lembrar? – Disse ele sorrinso – Que você está desarmada mais uma vez...
- Sabe o que eu devo te lembrar? – Disse ela – Que se você tentar me beijar mais uma vez, eu roubo a varinha do seu bolso de novo e não vou esitar em te ma...
Tarde de mais. O que ela ia tentar dizer foi interrompido por outro beijo de Lupin. E não, ela não tentou matá-lo e nem desaparatou com a varinha dele de novo. Ela apenas retribuiu o beijo e o jogou na cama.
O que aconteceu depois? Bem... O depois agente deixa pra depois. Mas depois do depois, Bella acordou sozinha no seu quarto e mais uma vez não tinha certeza se o que aconteceu foi um sonho ou verdade. Tateou novamente embaixo do travesseiro e não encontrara varinha nenhuma, apenas o seu livro. Olhou para o lado e não viu Remus ali, apenas um bilhete que dizia:
“Tudo que acontece uma vez pode nunca mais acontecer, mais tudo que acontece duas vezes certamente acontecerá uma terceira!
R.J.Lupin
P.S.: Não te deixei a varinha por motivos óbvios.”.
“Maldito Lupin!” Pensou Bellatrix, deitando-se na cama sorrindo e adormecendo novamente.
Fim.