terça-feira, 18 de agosto de 2009

The Killer in me, is the Killer in you.

O que fazer quando duas personalidades entram em conflito? Eu nunca havia passado por isso em toda a minha vida e acho que é algo que só o RPG vai ser capaz de fazer eu passar. Apenas há pouco tempo que eu notei que a Player e a Bellatrix que existe dentro de mim haviam entrado em conflito. As duas foram magoadas pelo mesmo motivo, pela mesma pessoa. Porém, uma com mais intensidade do que a outra. E cada uma das minhas personalidades resolveria isso de maneiras completamente diferentes. Acabei optando pela mais racional que, por enquanto, é a Player. :)
Essa foi a coisa mais sentido que já escrevi na minha vida - eu admito.


- Pare de chorar!
- Bellatrix ordenou na minha cabeça, os dentes brancos e pontudos arreganhados em uma expressão ameaçadora - AGORA!
- NÃO! - eu gritei pra ela, cobrindo meu rosto com as mãos. Eu não queria olhar pra ela, eu não queria ser como ela, apesar de saber que seria mais fácil lidar com isso.
Bellatrix sabia lidar com as coisas com uma facilidade que jamais seria compreendida por mim: Encomodou? Mata.
Ela rosnou e andou na minha direção.
- Vamos! - ela ordenou novamente, dessa vez sua voz era mas sádica que antes. Eu sabia que naquele instante, mesmo sem minha autorização, ela havia sacado a varinha e a brandia com fervor. Eu sabia o que ela pensava. Eu sabia o que ela queria que eu fizesse. - Ele merece! Você sabe que ele merece!
- Você também não quer que eu faça isso! - eu ergui meu rosto, agora encarando-a nos olhos.
O negro demoniáco brilhava e faiscava de ódio. Ela rosnou novamente. Eu era a única que pessao que não precisava ter medo dela: ela era incapaz de fazer qualquer coisa comigo. Devolvi com um sorriso que ela mesma havia me ensinado.
- Você ousa? - sibilou como uma serpente.
- Ouso. - eu continuei sorrindo - Você sabe que sei tudo sobre você. Não há nada que possa esconder de mim.
- Vai deixar ele continuar te machucando? - ela inquiriu, os olhos semi-cerrados fitando-me atentamente.
- Só enquanto ele também te machucar.
- Você sabe que ele machuca mais a ti do que a mim. - Bellatrix concluiu ironicamente, o canto dos seus lábios erguendo-se de sarcasmo.
- Não pelos mesmos motivos que te machuca. - agora eu havia ido longe demais. A senti explodir na minha cabeça e expandir-se por todo o meu corpo.
Bellatrix gritou - um grito gutural vindo do fundo da sua alma, da alma que também era minha. Era o máximo que ela podia fazer comigo. Gritar as suas vontades, os seus desejos, as suas loucuras. Mas enquanto eu puder dominá-la, o seu ódio ficará dentro de mim.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Como se destrói um coração.

Como se cria uma assassina.

Deve-se temer mais o amor de uma mulher, do que o ódio de um homem.
Sócrates

I am
Little bit of loneliness
A little bit of disregard
A handful of complaints
But i can't help the fact
That everyone can see these scars



A porta do quarto escuro se abriu em um estrépido e chocou-se contra a parede atrás dela. A luz fosca do corredor iluminou alguns centímetros do quarto, mas por apenas alguns instantes: com outro estrondo ela fechou-se no batente da porta. A mulher atravessou o quarto, a cabeça girando, os braços apertados ao redor do ventre endurecido.
- Eles se foram. Não há o que fazer. Você não pode impedir. - ela murmurou entre os dentes cerrados por causa da dor e por causa do ódio que preenchia cada ínfimo espaço vazio que eles haviam deixado nela. Abriu a porta do banheiro e apenas teve tempo de ajoelhar-se em frente ao vaso sanitário quando o seu estômago contraiu-se com força uma única vez.
O gosto acre e azedo arranhou sua garganta enquanto ela regugitava tudo que havia comido no "Jantar da Queima". Aquilo havia acontecido com frequência nas ultimas semanas e sentia-se cada vez mais fraca, cada vez mais vulnerável, cada vez mais ridicula e estupidamente humana. Não queria pensar no que o Lord das Trevas insinuaria se a vise naquelas condições, com o rosto completamente imerso no vaso sanitário enquanto seu estômago renegava o seu alimento. Muitas coisas haviam sido renegadas em sua vida.

I am
What i want you to want
What i want you to feel
But it's like
No matter what i do
I can't convince you
To just believe this is real

Vagarosa e languidamente, ela sentou-se sobre a pedra fria do chão do banheiro e recostou-se no móvel de porcelana que agora abrigava o seu jantar. Abriu os olhos, mas não via nada: apenas a profunda escuridão a rodeava. Encolheu-se e abraçou suas pernas com um dos braços, enquanto uma das mãos pousou em seu ventre.
Ele estava mais rígido e um tanto saliente sob o vestido negro, contudo, apenas ela sabia que ele estava ali, que ela o abrigava. Ela o sentia o tempo todo. Forte, saudável e desenvolvendo-se espetacularmente rápido. Uma parte dele que agora permanecia com ela.

"- Não se preocupe, Sirius. - ela disse, em sua costumeira voz fria, embora estivesse tão apavorada quanto ele - Vou cortar o mal pela raíz. - e, com uma das mãos, fez um gesto sobre o próprio pescoço, como se fosse decepá-lo.
- Você não vai matar o meu filho... - ele sibilou irritado entre os dentes, um dedo em riste e ameaçador apontado para ela.
- Ah, claro que não! - seus olhos giraram nas orbes - Vamos casar e criá-lo com todo amor e carinho? - ela zombou, sorrindo sarcásticamente - Ou quem sabe damos para a doce Andy criar?
Os lábios dele se abriram, mas ele pareceu um tanto impotente para continuar discutindo. Ela girou nos calcanhares e tocou na maçaneta.
- Lestrange. - ele chamou, fazendo-a congelar. Aquele sobrenome jamais deixava seus lábios, principalmente quando referia-se a prima. Ele repugnava os Lestrange mais do que tudo (e com todos os motivos) - Isso é mais um adeus?
Ainda com a mão na maçaneta, girou o rosto na direção dele e sorriu.
- O último. - e então ela sumiu nos corredores, jamais imaginando o quão séria havia sido aquela frase."

So i let go
Watching you
Turn your back like you always do
Face away and pretend that i'm not
But i'll be here
Cause you're all that i`ve got


No dia seguinte, em sua mansão, recebera uma carta de Narcissa dizendo que Walburga e Druella haviam enlouquecido de vez: degolaram todos os elfos que se recusaram a dizer onde Sirius e Andromeda haviam se metido, jurando lealdade aos seus senhores. Mesmo sem acreditar que ambos teriam capacidade de fazer tal idiotisse, no fundo ela sabia que isso tinha realmente se concretizado. Embora Andromeda fosse uma garota forte, nunca tivera os pés no chão e sempre se prendera, valorizara e preocupara-se com coisas irreais, sem importância. Sirius sempre fora um babaca de auto-nível, mas fugir de casa superara todas as suas espectativas.


I am
What you never want to say
But i've never had a doubt
It's like no matter what i do
I can't convince you
For once just to hear me out

A dor da realidade demorou um pouco para vir, chegou devagar, silenciosamente, apenas mostrando sua verdadeira face quando vira os rostos deles vacilarem às chamas lançadas sobre a tapeçaria. E a atingiu no peito como uma faca penetrando suavemente em seu coração, abrindo um buraco que jamais poderia ser preenchido novamente. Perdera um primo e uma irmã de uma única vez e agora teria de fingir que eles não pertenciam a sua família, seguir sua vida como se eles nunca tivessem existido. Depois de tudo? Impossível. Jamais seria como se eles nunca tivessem existido! Eles haviam deixado uma lacuna nela com suas formas e tamanhos exatos, sob-medida : ninguém jamais poderia ocupar o espaço deles. Quantas vezes tentara convercer Sirius Black de que ele poderia ser maior se estivesse do lado dela? Quantas vezes tentara avisar Andromeda que os amigos que ela cultivava não eram bons o suficiente para ela? Tudo podia ter sido diferente se eles, pelo menos uma única vez, a tivessem escutado.

So I let go
Watching you
Turn your back like you always do
Face away and pretend that i'm not
But i'll be here
Cause you're all that i´ve got

Mas uma parte deles ainda permanecia com ela. Andromeda deixara seu sorriso e palavras compreensivas gravadas eternamentes em sua memória. Sirius deixara uma lembrança física, uma cicatriz mais profunda, um sangramento que jamais se estancaria: um filho de ambos que ela gerava em seu ventre.
Ela jamais o quis de verdade, jamais o desejara. Tudo não passara de um terrível e mortal acidente o qual ela não via a hora de consertar. Até aquela noite. Agora, sentada sobre o gelado chão do banheiro, ela sentia pela primeira vez que aquilo tinha um significado diferente: era ele dentro dela. Sua mão deslizou suavemente pela sua barriga e sentiu seu coração crescer, aumentar e um sorriso desenhou-se em seus lábios. As coisas que te pertencem nunca se vão para sempre. Algo sempre permanece com você. Pela primeira vez, ela sentia-se uma mulher de verdade. Uma mulher especial. Sentia-se mãe.

I can't feel
The way i did before
Don't turn your back on me
I won't be ignored
Time won't heal
This damage anymore
Don't turn your back on me
I won't be ignored

Mas algo contraiu-se fortemente em seu ventre e ela contorceu-se de dor. Sua cabeça tombou, um grito sufocado irrompeu de seu peito e seu corpo cedeu sobre o piso. Outra contração e algo quente e úmido deslizou de dentro de seu corpo para as suas pernas. Tremendo, Bellatrix estendeu uma de suas mãos até a lateral interna de sua coxa e reconheceu o líquido viscoso que maculara seus dedos: sangue. Em grande quantidade.
- Não. - ela sussurrou, em meio a dor cruciante que assoitava cada célula do seu corpo como se pequenos focos de chama a queimassem devagar - Não me deixe também. - mas outra contração estendeu-se por toda a sua lombar e o ar esvaiu de seu pulmão, fazendo-a perder parte da consciência.

Time won't heal
This damage anymore
Don't turn your back on me
I won't be ignored

Agora a vida arrancava de suas entranhas, fria e dolorosamente, uma das poucas coisas que continuava com ela, que ainda lhe dava motivos para continuar existindo. Com o sangue, esvaia-se também o pouco de humanidade e de sentimento que lhe restara e que, há poucos minutos, havia brotado em seu coração. Tudo que eu amo vira pó. - pensou, em um último lapso de consciência antes de a dor insuportável afogá-la na escuridão.
Mas ela jamais seria mãe. Jamais teria Sirius ao seu lado. Jamais veria Andrômeda novamente. O amor não pertencia a ela. 'As trevas' fora a única coisa que ficara, que sempre estivera com ela, que jamais a abandonaria. Nem mesmo na morte.

Musica: Faint - Linkin Park
((Inspiração para essa songfic? Vide post anterior =/)

domingo, 5 de abril de 2009

Morrer é dormir. Sonhar, talvez.

Eu estou completamente destruída por dentro por ter motivos para escrever esse post. Mesmo com os olhos mareados de lágrimas, decidi que precisava deixar minhas mãos percorrerem o teclado: cada letra digitada é um centímetro cúbico a menos de dor que eu sinto no meu peito. E as palavras, às vezes, ajudam a preencher o vazio que me tortura.
Eu sei que isso não é nada trágico, mas meu jeito hipérbole de ser me permite criar uma tempestade em copos d'água. Porém, eu estou realmente triste e profundamente decepcionada: para mim, perder amigos chars é o mesmo que perde-los para a morte. Jamais verei os turnos nas minhas páginas de recados novamente, jamais rirei das piadinhas referente as nossas tramas, jamais ficarei horas na frente do computador pensando em maneiras criativas de continuar aquelas histórias, jamais ansiarei as respostas e darei pulinhos de alegrias quando as receber.Podemos sobreviver em outros personagens, podemos manter as conversas pelo MSN, podemos reler os turnos ou rever as fotos que nem somos nós que a preenchemos, mas mesmo assim nos encotramos nelas, mas jamais será a mesma coisa. Jamais encontrarei um Sirius em um Frank ou um Tom Riddle em uma Larissa. Cada char é unico, assim como cada player é unico. E eu amo cada um deles de uma maneira especial.
São pessoas que dividem comigo o mesmo gosto, a mesma paixão, a criatividade, a alegria e muitas vezes os problemas. Por mais que digam que amizades assim não existem ou que eu os chamem de amigos imaginários, é apenas com os amigos que eu conheci no mundo RPGistico que eu consigo esquecer da realidade e mergulhar num mundo paralelo onde eu encontro uma realidade que é só nossa. E não pertence a mais ninguém.
E cada vez que um deles se vai para nunca mais voltar, leva consigo uma parte da minha história. Minha e da Bellatrix.

Os meus Black se foram com a rapidez que se faz uma briga e se aperta no "delete". E com eles se foram os motivos para a Bella existir. Buscarei forças para continuar, afinal uma guerreira jamais desiste: ela morre no campo de batalha. Continuarei leal aos que ainda me restam e rezarei todos os dias para que vocês voltem pra mim. E para a Bella.

Eu amo vocês.

((Eu sei, o propósito do Blog era para apenas postar fanfictions. Mas eu precisava escrever. Sorry =/))