segunda-feira, 6 de abril de 2009

Como se destrói um coração.

Como se cria uma assassina.

Deve-se temer mais o amor de uma mulher, do que o ódio de um homem.
Sócrates

I am
Little bit of loneliness
A little bit of disregard
A handful of complaints
But i can't help the fact
That everyone can see these scars



A porta do quarto escuro se abriu em um estrépido e chocou-se contra a parede atrás dela. A luz fosca do corredor iluminou alguns centímetros do quarto, mas por apenas alguns instantes: com outro estrondo ela fechou-se no batente da porta. A mulher atravessou o quarto, a cabeça girando, os braços apertados ao redor do ventre endurecido.
- Eles se foram. Não há o que fazer. Você não pode impedir. - ela murmurou entre os dentes cerrados por causa da dor e por causa do ódio que preenchia cada ínfimo espaço vazio que eles haviam deixado nela. Abriu a porta do banheiro e apenas teve tempo de ajoelhar-se em frente ao vaso sanitário quando o seu estômago contraiu-se com força uma única vez.
O gosto acre e azedo arranhou sua garganta enquanto ela regugitava tudo que havia comido no "Jantar da Queima". Aquilo havia acontecido com frequência nas ultimas semanas e sentia-se cada vez mais fraca, cada vez mais vulnerável, cada vez mais ridicula e estupidamente humana. Não queria pensar no que o Lord das Trevas insinuaria se a vise naquelas condições, com o rosto completamente imerso no vaso sanitário enquanto seu estômago renegava o seu alimento. Muitas coisas haviam sido renegadas em sua vida.

I am
What i want you to want
What i want you to feel
But it's like
No matter what i do
I can't convince you
To just believe this is real

Vagarosa e languidamente, ela sentou-se sobre a pedra fria do chão do banheiro e recostou-se no móvel de porcelana que agora abrigava o seu jantar. Abriu os olhos, mas não via nada: apenas a profunda escuridão a rodeava. Encolheu-se e abraçou suas pernas com um dos braços, enquanto uma das mãos pousou em seu ventre.
Ele estava mais rígido e um tanto saliente sob o vestido negro, contudo, apenas ela sabia que ele estava ali, que ela o abrigava. Ela o sentia o tempo todo. Forte, saudável e desenvolvendo-se espetacularmente rápido. Uma parte dele que agora permanecia com ela.

"- Não se preocupe, Sirius. - ela disse, em sua costumeira voz fria, embora estivesse tão apavorada quanto ele - Vou cortar o mal pela raíz. - e, com uma das mãos, fez um gesto sobre o próprio pescoço, como se fosse decepá-lo.
- Você não vai matar o meu filho... - ele sibilou irritado entre os dentes, um dedo em riste e ameaçador apontado para ela.
- Ah, claro que não! - seus olhos giraram nas orbes - Vamos casar e criá-lo com todo amor e carinho? - ela zombou, sorrindo sarcásticamente - Ou quem sabe damos para a doce Andy criar?
Os lábios dele se abriram, mas ele pareceu um tanto impotente para continuar discutindo. Ela girou nos calcanhares e tocou na maçaneta.
- Lestrange. - ele chamou, fazendo-a congelar. Aquele sobrenome jamais deixava seus lábios, principalmente quando referia-se a prima. Ele repugnava os Lestrange mais do que tudo (e com todos os motivos) - Isso é mais um adeus?
Ainda com a mão na maçaneta, girou o rosto na direção dele e sorriu.
- O último. - e então ela sumiu nos corredores, jamais imaginando o quão séria havia sido aquela frase."

So i let go
Watching you
Turn your back like you always do
Face away and pretend that i'm not
But i'll be here
Cause you're all that i`ve got


No dia seguinte, em sua mansão, recebera uma carta de Narcissa dizendo que Walburga e Druella haviam enlouquecido de vez: degolaram todos os elfos que se recusaram a dizer onde Sirius e Andromeda haviam se metido, jurando lealdade aos seus senhores. Mesmo sem acreditar que ambos teriam capacidade de fazer tal idiotisse, no fundo ela sabia que isso tinha realmente se concretizado. Embora Andromeda fosse uma garota forte, nunca tivera os pés no chão e sempre se prendera, valorizara e preocupara-se com coisas irreais, sem importância. Sirius sempre fora um babaca de auto-nível, mas fugir de casa superara todas as suas espectativas.


I am
What you never want to say
But i've never had a doubt
It's like no matter what i do
I can't convince you
For once just to hear me out

A dor da realidade demorou um pouco para vir, chegou devagar, silenciosamente, apenas mostrando sua verdadeira face quando vira os rostos deles vacilarem às chamas lançadas sobre a tapeçaria. E a atingiu no peito como uma faca penetrando suavemente em seu coração, abrindo um buraco que jamais poderia ser preenchido novamente. Perdera um primo e uma irmã de uma única vez e agora teria de fingir que eles não pertenciam a sua família, seguir sua vida como se eles nunca tivessem existido. Depois de tudo? Impossível. Jamais seria como se eles nunca tivessem existido! Eles haviam deixado uma lacuna nela com suas formas e tamanhos exatos, sob-medida : ninguém jamais poderia ocupar o espaço deles. Quantas vezes tentara convercer Sirius Black de que ele poderia ser maior se estivesse do lado dela? Quantas vezes tentara avisar Andromeda que os amigos que ela cultivava não eram bons o suficiente para ela? Tudo podia ter sido diferente se eles, pelo menos uma única vez, a tivessem escutado.

So I let go
Watching you
Turn your back like you always do
Face away and pretend that i'm not
But i'll be here
Cause you're all that i´ve got

Mas uma parte deles ainda permanecia com ela. Andromeda deixara seu sorriso e palavras compreensivas gravadas eternamentes em sua memória. Sirius deixara uma lembrança física, uma cicatriz mais profunda, um sangramento que jamais se estancaria: um filho de ambos que ela gerava em seu ventre.
Ela jamais o quis de verdade, jamais o desejara. Tudo não passara de um terrível e mortal acidente o qual ela não via a hora de consertar. Até aquela noite. Agora, sentada sobre o gelado chão do banheiro, ela sentia pela primeira vez que aquilo tinha um significado diferente: era ele dentro dela. Sua mão deslizou suavemente pela sua barriga e sentiu seu coração crescer, aumentar e um sorriso desenhou-se em seus lábios. As coisas que te pertencem nunca se vão para sempre. Algo sempre permanece com você. Pela primeira vez, ela sentia-se uma mulher de verdade. Uma mulher especial. Sentia-se mãe.

I can't feel
The way i did before
Don't turn your back on me
I won't be ignored
Time won't heal
This damage anymore
Don't turn your back on me
I won't be ignored

Mas algo contraiu-se fortemente em seu ventre e ela contorceu-se de dor. Sua cabeça tombou, um grito sufocado irrompeu de seu peito e seu corpo cedeu sobre o piso. Outra contração e algo quente e úmido deslizou de dentro de seu corpo para as suas pernas. Tremendo, Bellatrix estendeu uma de suas mãos até a lateral interna de sua coxa e reconheceu o líquido viscoso que maculara seus dedos: sangue. Em grande quantidade.
- Não. - ela sussurrou, em meio a dor cruciante que assoitava cada célula do seu corpo como se pequenos focos de chama a queimassem devagar - Não me deixe também. - mas outra contração estendeu-se por toda a sua lombar e o ar esvaiu de seu pulmão, fazendo-a perder parte da consciência.

Time won't heal
This damage anymore
Don't turn your back on me
I won't be ignored

Agora a vida arrancava de suas entranhas, fria e dolorosamente, uma das poucas coisas que continuava com ela, que ainda lhe dava motivos para continuar existindo. Com o sangue, esvaia-se também o pouco de humanidade e de sentimento que lhe restara e que, há poucos minutos, havia brotado em seu coração. Tudo que eu amo vira pó. - pensou, em um último lapso de consciência antes de a dor insuportável afogá-la na escuridão.
Mas ela jamais seria mãe. Jamais teria Sirius ao seu lado. Jamais veria Andrômeda novamente. O amor não pertencia a ela. 'As trevas' fora a única coisa que ficara, que sempre estivera com ela, que jamais a abandonaria. Nem mesmo na morte.

Musica: Faint - Linkin Park
((Inspiração para essa songfic? Vide post anterior =/)

4 comentários:

Tom Marvolo Riddle disse...

Coooooooooooooomo assim, tem post novo?! E só agora eu descobri?!

*surtando*

Creio que vou voltar à ativa, minha Bella. Sinto um vazio enorme desde que parei de escrever.

Muitas maldições pra ti nesse começo de semana!

Beijos em seu coração gelado.

Unknown disse...

Como vc quer q eu volte criatura, se vc deletou a Bella tbm? E o pior, deletou meu filho junto com ela o.Ô

Luciana Nogueira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luciana Nogueira disse...

Bom, não sei nem como começar mas... Eu poderia comentar no seu primeiro post - que, aliás, foi o primeiro fanfic que eu li na minha vida, o Maldita Coincidência. Mas, talvez, se eu comentasse lá, você não visse e... enfim.
Sei que não se lembra de mim, nem teria como... Eu tinha (e ainda tenho) um fake da Bella, e nós nos falamos por lá por um tempo, mas acho que acabamos nos perdendo - desde abril do ano passado, por aí, acho. Hoje resolvi voltar as páginas dos recados, sabe como é... e acabei achando o scrap em que você me mandou o link desse blog, para mim ler o seu fanfic! Eu estava louca atrás desse blog há meses, mas não lembrava o nome, e até comentei com uma amiga sobre o seu fanfic, dia desses.
Bom, estou aqui me metendo no meio dos fakes, ahn. Mas eu mandei um convite para você me aceitar no profile novo que você fez (: Desculpe se pareci meio louca, rs.
P.s.: eu tinha cometado antes, mas esqueci de dizer que tentei mandar um recado para você pelo orkut, mas todos eles estavam indo para a caixa de spams :@