terça-feira, 18 de agosto de 2009

The Killer in me, is the Killer in you.

O que fazer quando duas personalidades entram em conflito? Eu nunca havia passado por isso em toda a minha vida e acho que é algo que só o RPG vai ser capaz de fazer eu passar. Apenas há pouco tempo que eu notei que a Player e a Bellatrix que existe dentro de mim haviam entrado em conflito. As duas foram magoadas pelo mesmo motivo, pela mesma pessoa. Porém, uma com mais intensidade do que a outra. E cada uma das minhas personalidades resolveria isso de maneiras completamente diferentes. Acabei optando pela mais racional que, por enquanto, é a Player. :)
Essa foi a coisa mais sentido que já escrevi na minha vida - eu admito.


- Pare de chorar!
- Bellatrix ordenou na minha cabeça, os dentes brancos e pontudos arreganhados em uma expressão ameaçadora - AGORA!
- NÃO! - eu gritei pra ela, cobrindo meu rosto com as mãos. Eu não queria olhar pra ela, eu não queria ser como ela, apesar de saber que seria mais fácil lidar com isso.
Bellatrix sabia lidar com as coisas com uma facilidade que jamais seria compreendida por mim: Encomodou? Mata.
Ela rosnou e andou na minha direção.
- Vamos! - ela ordenou novamente, dessa vez sua voz era mas sádica que antes. Eu sabia que naquele instante, mesmo sem minha autorização, ela havia sacado a varinha e a brandia com fervor. Eu sabia o que ela pensava. Eu sabia o que ela queria que eu fizesse. - Ele merece! Você sabe que ele merece!
- Você também não quer que eu faça isso! - eu ergui meu rosto, agora encarando-a nos olhos.
O negro demoniáco brilhava e faiscava de ódio. Ela rosnou novamente. Eu era a única que pessao que não precisava ter medo dela: ela era incapaz de fazer qualquer coisa comigo. Devolvi com um sorriso que ela mesma havia me ensinado.
- Você ousa? - sibilou como uma serpente.
- Ouso. - eu continuei sorrindo - Você sabe que sei tudo sobre você. Não há nada que possa esconder de mim.
- Vai deixar ele continuar te machucando? - ela inquiriu, os olhos semi-cerrados fitando-me atentamente.
- Só enquanto ele também te machucar.
- Você sabe que ele machuca mais a ti do que a mim. - Bellatrix concluiu ironicamente, o canto dos seus lábios erguendo-se de sarcasmo.
- Não pelos mesmos motivos que te machuca. - agora eu havia ido longe demais. A senti explodir na minha cabeça e expandir-se por todo o meu corpo.
Bellatrix gritou - um grito gutural vindo do fundo da sua alma, da alma que também era minha. Era o máximo que ela podia fazer comigo. Gritar as suas vontades, os seus desejos, as suas loucuras. Mas enquanto eu puder dominá-la, o seu ódio ficará dentro de mim.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Como se destrói um coração.

Como se cria uma assassina.

Deve-se temer mais o amor de uma mulher, do que o ódio de um homem.
Sócrates

I am
Little bit of loneliness
A little bit of disregard
A handful of complaints
But i can't help the fact
That everyone can see these scars



A porta do quarto escuro se abriu em um estrépido e chocou-se contra a parede atrás dela. A luz fosca do corredor iluminou alguns centímetros do quarto, mas por apenas alguns instantes: com outro estrondo ela fechou-se no batente da porta. A mulher atravessou o quarto, a cabeça girando, os braços apertados ao redor do ventre endurecido.
- Eles se foram. Não há o que fazer. Você não pode impedir. - ela murmurou entre os dentes cerrados por causa da dor e por causa do ódio que preenchia cada ínfimo espaço vazio que eles haviam deixado nela. Abriu a porta do banheiro e apenas teve tempo de ajoelhar-se em frente ao vaso sanitário quando o seu estômago contraiu-se com força uma única vez.
O gosto acre e azedo arranhou sua garganta enquanto ela regugitava tudo que havia comido no "Jantar da Queima". Aquilo havia acontecido com frequência nas ultimas semanas e sentia-se cada vez mais fraca, cada vez mais vulnerável, cada vez mais ridicula e estupidamente humana. Não queria pensar no que o Lord das Trevas insinuaria se a vise naquelas condições, com o rosto completamente imerso no vaso sanitário enquanto seu estômago renegava o seu alimento. Muitas coisas haviam sido renegadas em sua vida.

I am
What i want you to want
What i want you to feel
But it's like
No matter what i do
I can't convince you
To just believe this is real

Vagarosa e languidamente, ela sentou-se sobre a pedra fria do chão do banheiro e recostou-se no móvel de porcelana que agora abrigava o seu jantar. Abriu os olhos, mas não via nada: apenas a profunda escuridão a rodeava. Encolheu-se e abraçou suas pernas com um dos braços, enquanto uma das mãos pousou em seu ventre.
Ele estava mais rígido e um tanto saliente sob o vestido negro, contudo, apenas ela sabia que ele estava ali, que ela o abrigava. Ela o sentia o tempo todo. Forte, saudável e desenvolvendo-se espetacularmente rápido. Uma parte dele que agora permanecia com ela.

"- Não se preocupe, Sirius. - ela disse, em sua costumeira voz fria, embora estivesse tão apavorada quanto ele - Vou cortar o mal pela raíz. - e, com uma das mãos, fez um gesto sobre o próprio pescoço, como se fosse decepá-lo.
- Você não vai matar o meu filho... - ele sibilou irritado entre os dentes, um dedo em riste e ameaçador apontado para ela.
- Ah, claro que não! - seus olhos giraram nas orbes - Vamos casar e criá-lo com todo amor e carinho? - ela zombou, sorrindo sarcásticamente - Ou quem sabe damos para a doce Andy criar?
Os lábios dele se abriram, mas ele pareceu um tanto impotente para continuar discutindo. Ela girou nos calcanhares e tocou na maçaneta.
- Lestrange. - ele chamou, fazendo-a congelar. Aquele sobrenome jamais deixava seus lábios, principalmente quando referia-se a prima. Ele repugnava os Lestrange mais do que tudo (e com todos os motivos) - Isso é mais um adeus?
Ainda com a mão na maçaneta, girou o rosto na direção dele e sorriu.
- O último. - e então ela sumiu nos corredores, jamais imaginando o quão séria havia sido aquela frase."

So i let go
Watching you
Turn your back like you always do
Face away and pretend that i'm not
But i'll be here
Cause you're all that i`ve got


No dia seguinte, em sua mansão, recebera uma carta de Narcissa dizendo que Walburga e Druella haviam enlouquecido de vez: degolaram todos os elfos que se recusaram a dizer onde Sirius e Andromeda haviam se metido, jurando lealdade aos seus senhores. Mesmo sem acreditar que ambos teriam capacidade de fazer tal idiotisse, no fundo ela sabia que isso tinha realmente se concretizado. Embora Andromeda fosse uma garota forte, nunca tivera os pés no chão e sempre se prendera, valorizara e preocupara-se com coisas irreais, sem importância. Sirius sempre fora um babaca de auto-nível, mas fugir de casa superara todas as suas espectativas.


I am
What you never want to say
But i've never had a doubt
It's like no matter what i do
I can't convince you
For once just to hear me out

A dor da realidade demorou um pouco para vir, chegou devagar, silenciosamente, apenas mostrando sua verdadeira face quando vira os rostos deles vacilarem às chamas lançadas sobre a tapeçaria. E a atingiu no peito como uma faca penetrando suavemente em seu coração, abrindo um buraco que jamais poderia ser preenchido novamente. Perdera um primo e uma irmã de uma única vez e agora teria de fingir que eles não pertenciam a sua família, seguir sua vida como se eles nunca tivessem existido. Depois de tudo? Impossível. Jamais seria como se eles nunca tivessem existido! Eles haviam deixado uma lacuna nela com suas formas e tamanhos exatos, sob-medida : ninguém jamais poderia ocupar o espaço deles. Quantas vezes tentara convercer Sirius Black de que ele poderia ser maior se estivesse do lado dela? Quantas vezes tentara avisar Andromeda que os amigos que ela cultivava não eram bons o suficiente para ela? Tudo podia ter sido diferente se eles, pelo menos uma única vez, a tivessem escutado.

So I let go
Watching you
Turn your back like you always do
Face away and pretend that i'm not
But i'll be here
Cause you're all that i´ve got

Mas uma parte deles ainda permanecia com ela. Andromeda deixara seu sorriso e palavras compreensivas gravadas eternamentes em sua memória. Sirius deixara uma lembrança física, uma cicatriz mais profunda, um sangramento que jamais se estancaria: um filho de ambos que ela gerava em seu ventre.
Ela jamais o quis de verdade, jamais o desejara. Tudo não passara de um terrível e mortal acidente o qual ela não via a hora de consertar. Até aquela noite. Agora, sentada sobre o gelado chão do banheiro, ela sentia pela primeira vez que aquilo tinha um significado diferente: era ele dentro dela. Sua mão deslizou suavemente pela sua barriga e sentiu seu coração crescer, aumentar e um sorriso desenhou-se em seus lábios. As coisas que te pertencem nunca se vão para sempre. Algo sempre permanece com você. Pela primeira vez, ela sentia-se uma mulher de verdade. Uma mulher especial. Sentia-se mãe.

I can't feel
The way i did before
Don't turn your back on me
I won't be ignored
Time won't heal
This damage anymore
Don't turn your back on me
I won't be ignored

Mas algo contraiu-se fortemente em seu ventre e ela contorceu-se de dor. Sua cabeça tombou, um grito sufocado irrompeu de seu peito e seu corpo cedeu sobre o piso. Outra contração e algo quente e úmido deslizou de dentro de seu corpo para as suas pernas. Tremendo, Bellatrix estendeu uma de suas mãos até a lateral interna de sua coxa e reconheceu o líquido viscoso que maculara seus dedos: sangue. Em grande quantidade.
- Não. - ela sussurrou, em meio a dor cruciante que assoitava cada célula do seu corpo como se pequenos focos de chama a queimassem devagar - Não me deixe também. - mas outra contração estendeu-se por toda a sua lombar e o ar esvaiu de seu pulmão, fazendo-a perder parte da consciência.

Time won't heal
This damage anymore
Don't turn your back on me
I won't be ignored

Agora a vida arrancava de suas entranhas, fria e dolorosamente, uma das poucas coisas que continuava com ela, que ainda lhe dava motivos para continuar existindo. Com o sangue, esvaia-se também o pouco de humanidade e de sentimento que lhe restara e que, há poucos minutos, havia brotado em seu coração. Tudo que eu amo vira pó. - pensou, em um último lapso de consciência antes de a dor insuportável afogá-la na escuridão.
Mas ela jamais seria mãe. Jamais teria Sirius ao seu lado. Jamais veria Andrômeda novamente. O amor não pertencia a ela. 'As trevas' fora a única coisa que ficara, que sempre estivera com ela, que jamais a abandonaria. Nem mesmo na morte.

Musica: Faint - Linkin Park
((Inspiração para essa songfic? Vide post anterior =/)

domingo, 5 de abril de 2009

Morrer é dormir. Sonhar, talvez.

Eu estou completamente destruída por dentro por ter motivos para escrever esse post. Mesmo com os olhos mareados de lágrimas, decidi que precisava deixar minhas mãos percorrerem o teclado: cada letra digitada é um centímetro cúbico a menos de dor que eu sinto no meu peito. E as palavras, às vezes, ajudam a preencher o vazio que me tortura.
Eu sei que isso não é nada trágico, mas meu jeito hipérbole de ser me permite criar uma tempestade em copos d'água. Porém, eu estou realmente triste e profundamente decepcionada: para mim, perder amigos chars é o mesmo que perde-los para a morte. Jamais verei os turnos nas minhas páginas de recados novamente, jamais rirei das piadinhas referente as nossas tramas, jamais ficarei horas na frente do computador pensando em maneiras criativas de continuar aquelas histórias, jamais ansiarei as respostas e darei pulinhos de alegrias quando as receber.Podemos sobreviver em outros personagens, podemos manter as conversas pelo MSN, podemos reler os turnos ou rever as fotos que nem somos nós que a preenchemos, mas mesmo assim nos encotramos nelas, mas jamais será a mesma coisa. Jamais encontrarei um Sirius em um Frank ou um Tom Riddle em uma Larissa. Cada char é unico, assim como cada player é unico. E eu amo cada um deles de uma maneira especial.
São pessoas que dividem comigo o mesmo gosto, a mesma paixão, a criatividade, a alegria e muitas vezes os problemas. Por mais que digam que amizades assim não existem ou que eu os chamem de amigos imaginários, é apenas com os amigos que eu conheci no mundo RPGistico que eu consigo esquecer da realidade e mergulhar num mundo paralelo onde eu encontro uma realidade que é só nossa. E não pertence a mais ninguém.
E cada vez que um deles se vai para nunca mais voltar, leva consigo uma parte da minha história. Minha e da Bellatrix.

Os meus Black se foram com a rapidez que se faz uma briga e se aperta no "delete". E com eles se foram os motivos para a Bella existir. Buscarei forças para continuar, afinal uma guerreira jamais desiste: ela morre no campo de batalha. Continuarei leal aos que ainda me restam e rezarei todos os dias para que vocês voltem pra mim. E para a Bella.

Eu amo vocês.

((Eu sei, o propósito do Blog era para apenas postar fanfictions. Mas eu precisava escrever. Sorry =/))

sábado, 25 de outubro de 2008

O sorriso da morte.

Sempre soube que morreria, afinal essa é a desgraça inerente a todos os seres vivos, essencialmente a de guerreiros como eu (para mim, Lord Voldemort era uma exceção a regra). Mas nunca parei para pensar como ela de fato se consumaria. Talvez estivesse trassado e fosse óbvio que aconteceria em um campo de batalha, em meio a inúmeras poças de sangue e corpos de outras pessoas. Era uma mulher pouco sensata, fria e a paixão não mútua era o único sentimento que me inquietava. Não obstante, meu primeiro impulso foi o de agarrar-me cegamente à ilusão da imortalidade.
Meus olhos negros e muitas vezes vidrados estavam acostumados com aqueles jorros de luzes multi-coloridos e estavam igualmente acostumados com a morte, mas choca-me, no entanto, o fato de que não estive nenhum um pouco preparada para a minha própria morte. A vira de perto, a presenciara inúmeras vezes, porém a morte sempre se aproximara como uma amiga sorridente que levava para longe da vida aqueles que eu decidia não merecer habitar entre nós.
No entanto, naquele fim de noite, a morte me sorriu irônica. De longe ela me observava e me rondava, vagarosamente, como uma fera que cerca a sua presa. Faz parte da decência da Morte surgir sem se fazer anunciar, o rosto coberto com as mãos oculta, num momento em que era menos esperada. Mas eu não estava disposta a me render. Havíamos chegado tão perto e travávamos, com certeza, a última batalha antes de o Lorde das Trevas ascender de uma vez por todas ao poder. Mas a morte, companheira daqueles que a desafiam, estava lá, brandindo a sua foice e olhando-me diabolicamente. Consumia-me devagar.
O que três adolescentes poderiam fazer contra mim? Que poderes uma sangue-ruim, uma traidora de sangue e uma retardada que acredita em nargolês poderiam ter para me enfrentar? Eu duelava tão bem quanto as três juntas e sabia que em breve a minha amiga morte as levaria também. E seriam três escórias a menos para enfestar o planeta. E eu prosseguiria com a minha nobre missão ao lado Dele.
Eu vira o corpo de Harry Potter explodir no ar e bater de encontro ao chão, mas antes que eu pudesse comemorar, vira o mesmo acontecer com Lord Voldemort. Assim que a maldição da morte acertou o garoto, o Lord das Trevas também caíra por terra. No momento, não conseguira entender o que havia acontecido e temi que Potter o tivesse derrotado mais uma vez. Não suportaria mais quatorze anos longe do meu mestre. Não suportaria perdê-lo mais uma vez. Meu corpo congelara, minha respiração cessara e a única coisa que consegui fazer foi chamar por ele. Não sei se foi a minha voz que o despertara, mas nesse momento ele abriu as pálpebras e as íres vermelhas me fitaram. E meu coração voltou a bater no peito.
Eu perdi a conta das vezes que aquele olhar fizera o meu coração voltar a bater. Na verdade, acho que meu coração ganhou vida no instante em que meus olhos cruzaram com os dele pela primeira vez. Naquele momento eu tive a certeza de que não só a pele do meu braço esquerdo seria marcada a fogo, mas também a minha alma pertenceria a ele para a vida toda.
Lord Voldemort nunca fora nada além de um poço de amargura e ânsia pelo poder. Mas eu também nunca fui nada além de uma mulher apaixonada que arrastava-se aos seus pés por efêmeros momentos de 'carinho' e migalhas de atenção. Por ele eu lutava e para ele eu me rendia. Somente ele conheceu o quão fraca era Bellatrix Lestrange e o quanto era semelhante a todas as outras aquela mulher escondida atrás de sua máscara de invencível, imponente e imaculável comensal da morte.
Quando abracei essa cruz, sabia que no céu não se aceitam pessoas que matam, que mentem e que manipulam. E não aceitam pessoas que não amam.
Embora árduo e difícil, o exercício das trevas sempre foi mais fácil que o exercício do amor humano. Torturar é mais fácil que acariciar e matar é mais fácil que conceber uma vida. E mesmo que quisesse, nunca fui capaz de gerar um fruto se quer. Meu útero nunca se desenvolveu para receber uma criança, talvez porque meu corpo sempre soube que ela jamais viria de um amor e jamais seria amada como mereceria.
O amor, assim como a devoção pelas trevas, leva as pessoas fazerem coisas imperdoáveis. Basta ver o que ele fez com Andrômeda e Sirius: Ambos jogaram o nome da família na lama. Ela por amar um nascido trouxa e permitir-se fugir com ele. Ele por abandonar a casa para ficar com a família de um amigo. Eu pude decidir o destino deles também. Embora não tive a chance de matar Andrômeda, Sirius Black e Nynphadora Tonks morreram em minhas mãos. Eu tive o prazer de cortar esses galhos podres da árvore genealógica da minha família antes que eles dessem continuidade a essa erva daninha que se alastrava pelos ramos puros da mais nobre familia Black.
Segui um caminho tortuoso e cheio de obstáculos. Atirei-me ao fundo do poço em busca de algo que não poderia saber se realmente encontraria. Por muitas vezes eu desejei a morte. Por muitas vezes eu quis que ela viesse me acolher em seus braços frios como eu achara que fizera com Crouch Jr. Mas eu sabia que aquele era o meu destino e que era a minha obrigação esperar pelo Lord das Trevas. E o pior de tudo era saber que eu sobreviveria. Eu sempre sobrevivia. Eu era forte e aquilo tudo iria passar.
Ele levou um ano inteiro para me resgatar daquele inferno congelante, mas saí de lá orgulhosa de mim mesma mais do que nunca. EU enfrentei dementadores, EU convivi aos ratos e baratas, EU passei quatorze anos sem experimentar magia e EU passei pelos piores pesadelos por ele. Tudo, TUDO por ele. E eu fui recompensada. E mesmo assim, a morte teve a audácia de zombar de mim da forma que fez.
Tinha a minha varinha apontada para o peito daquela dona de casa gorducha e sem nenhum poder em especial. As minhas maldições desviavam-se dela como se um escudo mágico a protegesse. Que habilidade aquela 'senhora' poderia ter para enfrentar uma comensal da morte treinada pelo melhor bruxo de todos os tempos? Tola que eu fui. Um dos meus maiores problemas sempre fora subestimar o meu adversário e foi por causa dele que permiti que a maldição da morte irrompesse de sua varinha e acertasse meu coração.
Por um milésimo de segundo eu soube o que tinha acontecido. E a última coisa que ouvi foi o grito de Lord Voldemort atravessar o salão principal até chegar aos meus ouvidos. Mas o grito pareceu distante e cada vez mais baixo. Escureceu-se a minha vista, silenciou o meu coração e sua marca em minha pele queimou mais uma vez. Pela última vez.
"Morrer.
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.
Morrer sem deixar o triste despojo da carne,
A exangue máscara de cera,
Cercada de flores,
Que apodrecerão – felizes! – num dia,
Banhada de lágrimas
Nascidas menos da saudade do que do espanto da morte.
Morrer sem deixar porventura uma alma errante…
A caminho do céu?Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?
Morrer sem deixar um sulco, um risco, uma sombra,
A lembrança de uma sombra
Em nenhum coração, em nenhum pensamento,
Em nenhuma epiderme.
Morrer tão completamente
Que um dia ao lerem o teu nome num papel
Perguntem: "Quem foi?…"
Morrer mais completamente ainda,
– Sem deixar sequer esse nome."

sábado, 30 de agosto de 2008

O toque das Trombetas







((Não, não foi nada fácil (re)escrever essa fanfic. Incompetência e imprudência minha: Assumo. De fato, as coisas teriam saido melhores e mais fáceis se eu simplesmente tivesse clicado no botão 'salvar' ao invéz do 'descartar'. Desacasos dessa infame vida. Mas e daí? Somos brasileiros e não desistimos nunca. O importante mesmo é lutar para recuperar aquilo que foi perdido. Acho que consegui fazer isso em relação a esta fanfic: a outra que esqueci de salvar antes do meu sobrinho desligar o PC, ainda me doi o coração quando tento reescrevela (desmistificada a tese de que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar). Um dia, quem sabe, eu consigo. Até lá, divirtam-se com a releitura da original lançada ao nada.

Créditos àqueles que me apoiram em um dos momentos mais tristes(*drama*) da minha vida e me animaram a reescrever a fanfic :) e principalmente à Lilly Drips que me deu o empurrão final!
Amo todos vocês! :D))


Lamúrias, choros e gritos de dor. E uma gargalhada. Uma risada estridente e avassaladora, competindo com as trovoadas da tempestade que se preparava atrás das montanhas da mansão. Um som que antecede o fim, uma risada que ninguém jamais quer ouvir. A risada da morte, o toque das trombetas. Inconfundivelmente a risada de Bellatrix.
Seis jovens ocupavam aquela luxuosa e espaçosa sala: dois amarrados cada um em uma cadeira e quatro empunhando as varinhas voltadas para as suas faces. Seis. O número da besta, o número do diabo. E este se fazia presente naquele momento: Ela era a prova que demônios existiam.
- Esta é a sua última chance. - encerrara-se, por hora, a gargalhada. - Última.
Frank e Alice Longbottom tinham cortes e hematomas por todo canto de seu rosto e braços. Estes que, por sua vez, estavam amarrados aos braços das cadeiras as quais estavam sentados. Alice estava desfalecida e tinha os olhos e a boca semi-abertos. A cabeça pendia para o lado esquerdo.
- Deixem ela ir... Fiquem comigo, mas deixem ela ir. - suplicou com a voz trêmula o homem - Pelo amor de Deus...
- Você já não nos ouviu, Longbottom? - ouviu-se a voz rouca e arrastada de Rodolphus - Soltaremos quando vocês abrirem a boca.
- Mas nós não sabemos! NÃO SABEMOS! - gritou Frank, com as poucas forças que ainda lhe restavam - NÓS NÃO...
- CRUCIO! - interrompeu Bartolomeu Crouch Jr.
A maldição cortou o ar e acertou o jovem rapaz no peito. Os gritos, os suplícios, as lamúrias voltaram. E mais uma vez a gargalhada ecoou pelas altas paredes da casa. Frank desmaiou e ele e a mulher foram acordados com um jato de água no rosto.
- Neville... - murmurou a mulher, abrindo os olhos vagarosamente.
- Terás o seu filho de volta quando nos disser onde está o Lord das Trevas e o que fizeram com ele! - Disse Rebastan, com uma voz insuportávelmente idêntica a de Rodolphus.
- Neville... - Alice murmurou de novo, voltando a desmaiar.
Não havia mais o que fazer. Ambos haviam decidido manterem-se fiéis à imagem dos amigos assassinados pelas mãos daquele que os comensais estavam em busca. Não trairiam James e Lily Potter. E os outros quatros estavam dispostos a manterem-se fiéis ao Lorde das Trevas. Não, Não havia mais o que fazer.
- Nós já fomos bastante tolerantes com eles. - disse a mulher com uma voz esganiçada e com os olhos vidrados. Olhos insanos - Eles não mais nos são úteis.
Os outros três trocaram olhares intrigados.
A maldição imperdoável inrrompeu das quatro varinhas e atingiu os dois amarrados. Não se ouviu gritos. Não se ouviu choro. Não se ouviu lamúrias. Mas podia-se ouvir a sanidade de Bellatrix esvair-se em sua risada, enquanto sugavam incansávelmente até a última gota refinada da sanidade dos Aurores. Ouvia-se o toque das Trombetas.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Palavras ao vento.

((Seeeempre quis escrever uma shortfic em primeira pessoa, mas é bem complicado colocar-se na pele de alguém como Bellatrix quando se fala de sentimentos. Esta é a primeira vez que tentei, então peguem leve!))

Bellatrix amou demais a si mesma para aceitar que amava alguém que não sentia o mesmo que ela. Isso a fez transformar todo o amor no único sentimento que realmente compreendia.”





Não existia nada em Rodolphus que me agradasse. Detestava a forma como ele passava as mãos no cabelo e aquele perfume gostoso que exalava dele e preenchia a sala da mansão toda vez que ele por ali passava. O sorriso, tão perfeito e tão encantador, mas tão comum para mim que não acreditava que apenas com aquele gesto conquistava várias sonserinas do terceiro ano de Hogwarts. O que havia nele de diferente? Sinceramente, não faço a mínima idéia.
Odiava a forma única, carinhosa e veemente a qual ele me tocava e fazia esquecer quem eu realmente era. Detestava como esses momentos mexiam comigo e fazia com que meu coração voltasse a bater tão forte que era quase impossível conter no peito. Momentos esses que me faziam dizer e pensar coisas que me arrependia no dia seguinte, logo que despertava aninhada no calor dos braços dele com o coração inerte. Odiava passar o resto dos meus dias esperando por mais um momento como esse.
Odiava as flores que nunca recebi e as promessas de amor eterno e fidelidade que nunca ouvi. Odiava as frases românticas que nunca encontrei escondida embaixo do travesseiro e sob o prato antes do café. Odiava os passeios de mãos dadas que nunca demos e as vezes que nunca assistimos o pôr do sol ou olhamos as estrelas. Odeio a aliança que uso no anelar esquerdo, representando a nossa união de aparências e interesses. Odiava que ele não me odiasse por tantas vezes traí-lo sem o menor pudor com um homem que o superava em todos os sentidos. Jamais perdoei as desculpas que ele nunca pediu por me fazer odiá-lo quando a única coisa que eu queria era poder amá-lo com todas as minhas forças e ser amada de volta com a mesma intensidade.
Não me importava que Rodolphus saísse cedo da noite e a que horas ele iria voltar. A mim, não interessava aonde ele estava, com quem estava e o que estava fazendo, mas podia sentir meu coração, que ainda não podia controlar, bater apertado e impedia que meus olhos se fechasse e que o resto do meu corpo descansasse. Ele só se acalmava no meu peito quando, de manhã, o rosto de Rodolphus repousava junto a ele.
Nunca amei Rodolphus Lestrange. E o odeio por ele nunca ter me tirado da escuridão, por nunca ter me feito ver as verdades ocultas atrás da ilusão que eu sempre acreditei. Por permitir que eu seguisse aquela ilusão até a morte. Odeio Rodolphus Lestrange por nunca ter me ensinado a amar.
Nunca. Nunca gostei de Rodolphus Lestrange. Não gostava que competisse comigo no seu jeito arrogante, no seu ar sarcástico, na sua força inatingível e no seu cinismo incomparável.


Eu fui, eu sou e eu sempre serei Bellatrix e isso me torna a estrela do meu próprio mundo que sempre girou em torno de mim. E no meu mundo, Rodolphus Lestrange pertencia a mim. Somente a mim.

domingo, 22 de junho de 2008

'Apenas' um pequeno pedaço de papel

"Uns dizem que ele morreu. Bobagem na minha opinião. Não sei se ele ainda teria bastante humanidade para morrer."
Mais uma vez essa frase veio fazer sentido. A pergunta aqui é: O diário de Tom Riddle foi realmente destruido? A resposta é mais complicada do que possa parecer. Mas a verdade é que alguém como ele não seria jamais destruido de uma maneira tão 'simples'.
Aqui temos mais uma vez uma 'ajudinha' do companheiro 'acaso'.
Ok, Ok... Não vou ficar confundindo sua cabeça com explicações em pormenores. Já que vieste até aqui, que achas de ler a shortfic e entender o que estou querendo dizer? ;)

A mulher acordou assustada, com o coração acelerado e suor escorrendo em sua face. Tivera mais uma vez o mesmo sonho que, mesmo depois de tantos anos, ainda a acompanhava... Porque aqueles malditos olhos verdes e aquele sorriso nunca a deixara em paz? Não, não estou falando dos olhos e nem do sorriso de Harry Potter, caro Leitor... Trato aqui de 'outros' olhos verdes; olhos tão cruéis quanto lindos... Tão frios e vazios quanto brilhantes... Os mesmos olhos que a protegia e a olhava atenciosamente nos momentos de solidão, foram os mesmos que a traíram mais tarde; os mesmos olhos que ela enxergava amizade e confiança e que mais tarde lhe mostraram uns olhos tão sombrios e incapazes de entender qualquer um dos sentimentos que eles pareciam dedicar a ela.
Gina sentou-se na cama, e ajeitou os cabelos que havia grudado em sua testa. Olhou para o marido profundamente adormecido ao seu lado e esboçou um sorriso. Quanto tempo ela teve que esperar para que Potter a notasse? Quanto tempo ela sofreu e chorou por ele... E chorava nos braços dele; nos braços do responsável pelo pesadelo.
O quarto estava escuro, apenas iluminado por um finíssimo raio de sol que se agarrava ao horizonte tentando se erguer. Levantou-se da cama e notou que, em um canto do quarto, repousava o seu antigo malão da escola, tristemente ignorado pelos anos.
“E por que não?” - pensou a mulher, dirigindo-se até ele e sentando-se em sua frente. Talvez fizesse bem reviver algumas boas lembranças para distrair-se daquelas que vagavam agora em sua mente.
As letras “GW” gravadas em douradas ainda estavam bem nítidas. Retirou o cadeado que estava aberto. Há quantos anos que nunca mais tinha mexido naquelas coisas? Livros de todos os tipos, tamanhos, cores e assuntos; penas quebradas, coloridas e manchadas; antigos potes de tinteiros; bilhetinhos que trocava com as amigas nas aulas de poções escritos em Runas e um caldeirão amaçado. Havia tanta coisa que fizera ficar um pouco nostálgica. Era tão bom lembrar daquele tempo...
Ela folhava um de seus antigos livros de “Defesa contra as artes das Trevas” quando encontrou no meio dele, um pequeno pedaço de pergaminho amaçado.
Nele havia rabiscado algumas coisas de uma aula ,quando ainda estava no primeiro ano, que lhe faltara pergaminho e ela tivera que arrancar uma folha do...
-Diário de Tom Riddle. - Disse Gina o suficientemente alto para fazer Harry virar-se na cama.
No mesmo instante, um pensamento passou pela sua mente... Ela sabia que o diário havia sido destruído, mas um pequeno pedaço dele estava ali, uma parte da alma de Riddle estava naquele papel, repousando em suas mãos.
Gina o largou rapidamente no chão, como se estivesse segurando algo sujo, infectado. E se aquele pequeno momento de displicência quando ela tinha apenas onze anos e não se sentia segura o suficiente de pedir um pedaço de pergaminho para um colega, pudesse causar-lhe algumas conseqüências tanto tempo depois?
Voltou a pegar o papel na mão, ainda com os olhos muito arregalados. Levantou-se e dirigiu-se até à escrivaninha do quarto, onde pousou o velho pedaço de papel. Ainda ficou alguns segundos fitando a folha que ensinava como lidar com um diabrete da cornuália.
-E se... - sussurrou a mulher.
Decidida, pegou pena e tinteiro. Sua curiosidade tinha levado-a até ali e iria até o fim.

“Você ainda está aí?” - escreveu com a mão trêmula, em um pequeno canto da folha, rezando para que nada acontecesse.

A tremura espalhou-se por todo o corpo de Gina quando as suas palavras sumiram e logo abaixo apareceram outras, com uma letra fina e ao mesmo tempo grosseira. Uma letra que ela conhecia muito bem.

“Sempre estive.”


Ela observou atônita a frase ser absorvida pela folha de papel. Ainda não podia acreditar no que estava acontecendo. Como era possível ele ter sobrevivido dentro daquele malão em uma situação tão precária? Como ela nunca se deu conta que guardava algo tão perigoso dentro de sua própria casa? Que risco aquele pequeno pedaço de papel podia representar para os seus filhos? E pior que isso: como ela JAMAIS lembrou daquela maldita folha que arrancou daquele estúpido diário? Gina agora amaldiçoava-se em pensamentos quando outra frase apareceu sobre o papel:

“É bom poder falar com você novamente, querida Gina...”


Ela sentiu uma repulsa tão forte ao ver as palavras zombeteiras que Riddle postara no papel. Como ele podia continuar tão frio, tão... repugnante? Ele nunca mudaria. Mesmo fraco, ele continuava prepotente.

“Que pena que eu não possa dizer o mesmo, querido Tom. Você sabia que tenho uma presa de basilisco guardada aqui nas minhas coisas e nunca pensei que ela pudesse vir a ser útil um dia?”

“É mesmo? Então porque você não a pega logo?”


A ruiva quase podia ver aquele sorriso sarcástico de Tom Riddle através daquela mísera folha que ainda o guardava vivo.

“Porque eu, ao contrário de 'algumas pessoas', não teria a covardia de me aproveitar de alguém indefeso como você...”

Agora era ela que sorria sarcástico. Mas porque diabos ela não pegava aquela maldita presa e não acabava com isso logo? Apenas Tom sabia o porquê...

“Vejo que você amadureceu razoavelmente nesses anos todos, minha linda... A propósito, poderia me informar quantos tempo de passou desde que o seu 'maridinho' destruiu o meu diário? Ficar preso dentro daquele malão me fez perder total noção.”


Gina não podia acreditar no que estava lendo... “Minha linda”; “maridinho”?? Quem ele pensa que é? "Pedaço de papel ridículo!"

“Bom, vejamos... Desde quando meu “maridinho” destruiu o seu diário: 22; desde que ele te derrotou no cemitério:20; desde que ele te matou com um ricochete da sua própria maldição:17. Deseja mais alguma informação, senhor Riddle?”

“Uhm... andaste fazendo minha linha do tempo, Sra. Potter?”

“Quando vai parar de pensar que o mundo gira em torno do seu umbigo? Quer saber? Essa conversa já foi longe demais!”


Gina tomou o papel nas mãos, antes que Riddle pudesse responder; amassou-o com vontade e o atirou dentro do malão tornando a fechá-lo.

-Gi? - Perguntou um Harry meio sonolento, lutando para erguer-se na cama e olhar para a esposa – o que está fazendo?
-Resolvendo uns assuntos passados que ficaram “mal-resolvidos”
- respondeu a ruiva sem pensar, trancando com violência o cadeado.

Harry, que estava praticamente dormindo, tombou travesseiro. Gina fez o mesmo, jurando que nunca mais abriria aquele malão, apesar de que mais tarde, outro sonho faria com que ela 'esquecesse' da promessa...